quinta-feira, 6 de maio de 2010

Soltem foguetes e rojões: eleições à vista.

urna

Escrever sobre eleições é sempre desafiador, pois, em um país com altos índices de corrupção na estrutura administrativa (e no legislativo, sobretudo), pode provocar um mal estar devido ao descrédito com a política. Todavia, é um tema que não pode ser deixado de lado, mesmo porque, mexe com todos nós. É uma coisa que está para além de sentimentos ou tendências pessoais, ultrapassa nossas concepções valorativas, estando diretamente ligado com a organização do conjunto do país. Vamos aqui tecer breves comentários sobre a largada inicial das eleições presidenciais de 2010 – por ora, sem grandes pretensões. É certo, que vivemos um momento importante no sistema político brasileiro, a saber, a própria consolidação da denominada democracia representativa, temos um governo eleito pelo voto direto. Isso é relevante, apesar de ainda ser carregado de problemas. Ao menos, tem-se uma base para impedir retornos a governos autoritários, ditatoriais. Nossa intenção aqui é falar de alguns candidatos ao posto máximo de administração do país. Para tanto, vamos nos ater a dois, os mais cotados, o do PT e do PSDB.

Nosso foco é apenas nas aparências desses candidatos, quer dizer, em suas imagens públicas, não seus traços físicos, mas nas repercussões públicas de seus nomes, suas candidaturas. Também não entraremos em seus detalhes de programa, de governo, suas propostas etc., mesmo porque, tais coisas ainda serão trabalhadas publicamente, apesar de considerar essa questão uma das mais relevantes para serem debatidas em um processo eleitoral.

Dentre as imagens que escuto pelas ruas ou até circulando por correios eletrônicos, tem uma que me chamou bastante atenção e será esta que iremos tratar aqui. Refiro-me a imagem dita de “ex-guerrilheira”, “ex-terrorista” e outras congêneres, em que a candidata do PT aparece como uma pessoa que foi avessa à ordem, às leis, que atentou contra a vida de outras pessoas, participando de seqüestros, ainda que para uma “suposta” causa. Ou seja, tal imagem revela suas intencionalidades subjacentes. Procura-se vincular a imagem pública da candidata a situações de atentados contra o próprio país, logo, coloca-se uma pergunta junto dessa imagem: que tipo de presidente ela poderá ser, já que teve um passado daquele? Já a imagem do outro candidato, é bem singela. Evidencia uma pessoa “boazinha”, “certinha”, seguidora das leis e regras constitucionais, como a própria representação do bom cidadão que sempre esteve de acordo com a normalidade e civilidade, mas que também soube fazer lutas “juvenis”, dentro de uma instituição “legítima”, a UNE. Aliás, por sinal, esta instituição de tão legítima, terminou se tornando extremamente fiel ao sistema desigual circundante, e, hoje se torna um braço de apoio ao governo central. Acho que pouco representa das reais lutas sociais do presente.

Não quis tomar partido no texto, mas essa imagem usada para representar a candidata do PT é muito preocupante, pois também revela, de certa forma, opiniões de extremo conservadorismo e de uma afronta à própria ideia de liberdade política e de opinião, que tanto se valoriza no nosso capitalismo ocidentalizado e em nosso país, em específico. Podemos indagar: qual o real interesse dessa imagem? Vale ficar atento para esses aspectos internos das imagens que são postas, que podem revelar verdadeiras representações de determinados setores sociais do país, determinados grupos, os quais terminam se valendo de tais imagens e se fortalecendo numa perigosa rotulação de pessoas e grupos, colocando-os como inimigos ou perigos em potencial para o país, além de capsular a integridade das pessoas a quem se quer atingir. Na verdade, mais parece a exacerbação de um conjunto de pré-conceitos e valores retrógados, que visa apenas assustar e desinformar. Mas, de toda forma, foi dada a largada, soem os trovões, tem eleição no horizonte.

Bruno Durães

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1 Comentário:

Bruno José disse...

Esse texto é curto, mas foi apenas para chamar atenção para os "discursos" e "imagens" que são veiculadas na grande mídia, na opinião pública nacional, é apenas para começar um debate.
Tentarei, em outras ocasiões, tecer mais comentários sobre o processo político de 2010, por ora, vou ficando nos primeiros cercamentos do tema.

saudações.

7 de maio de 2010 às 09:39

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