sexta-feira, 19 de março de 2010

Sim, eles também podem!

namorando

Longe de mim ser um noveleiro assíduo. Mas, vendo de relance, há algum tempo atrás, uma dessas muitas novelas da nossa televisão, a qual mostra a vida de uma modelo que teve uma lesão medular, me deparei com uma frase da atriz que me chamou a atenção pela coragem do autor. Numa das cenas do folhetim, a atriz pergunta ao médico como ela iria namorar e fazer sexo após a sua condição de tetraplégica.

Fazendo uma rápida explanação para situar os leitores sobre os lesados medulares, em linhas gerais temos: paraplégicos, que são aquelas pessoas que após um trauma na medula espinhal não têm movimento nos membros inferiores e que podem se mover acima da linha da cintura. E os tetraplégicos que não têm movimentos nem nos membros superiores (braços) nem nos membros inferiores (pernas), sendo esse último tipo de lesão a forma em que os pacientes, por razões óbvias, mais dependem da ajuda de outras pessoas. No Brasil anualmente temos quase 4,5 mil novos casos de lesão medular todos os anos, sendo que 40% dessas lesões são causadas por arma de fogo, claro, 35% por acidentes automobilísticos e 15% por acidentes de mergulho. Se levarmos em conta o implacável aumento da violência, tanto nas ruas como no trânsito, poderemos dizer com segurança que esse número tende a aumentar...

Mas, voltemos a pergunta da personagem da novela e ao cerne desse artigo. Primeiro tenho que explicar que a relação entre o lesado medular e a prática do sexo é bem diferente no homem e na mulher. Nas mulheres a falta de sensibilidade na região pélvica talvez seja a maior dificuldade. Pois, para muitas mulheres será difícil sentir prazer sem a sensibilidade na região genital. Porém, com o auxílio de uma boa terapeuta sexual elas vão, cada vez mais, descobrindo as suas outras zonas erógenas e, aliado a compreensão do companheiro (isso infelizmente nem sempre é possível), vão redescobrindo que é possível sim fazer amor e sentir prazer novamente.

No caso de nós, homens, a disfunção erétil é a dificuldade mais visível e também mais difícil de lidar. Apesar de 60% dos lesados medulares conseguirem a ereção, a maioria se coloca numa condição psicológica tal, que, muitas vezes, desistem de procurar ajuda por se sentirem “inválidos”. Vale mais uma vez a ressalva: é preciso procurar um terapeuta sexual para o casal. E contar com a ajuda de um bom urologista e, mais uma vez, com a compreensão da parceira (isso também as vezes não é possível).

Resumindo: esse problema não pode ser encarado como o fim da vida sexual do casal e sim como um recomeço. Um recomeço com novas condições e descobertas, afinal SEXO É VIDA. E ele está dentro da nossa cabeça e do nosso coração. É preciso que aprendamos a lidar com as condições que a vida nos impõe para, assim, doarmo-nos ao máximo à ultrapassagem dos obstáculos. Só assim, no futuro, quando alguém perguntar: como os lesados medulares fazem sexo? A resposta será apenas: eles fazem com amor.

Dicas de livros sobre o tema:

-FELIZ ANO VELHO de Marcelo Rubens Paiva

-REVOLUÇÃO SEXUAL SOBRE RODAS de Fabiano Puhlmann

Gibran Soares

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1 Comentário:

Deth Barreto disse...

Gostei muito do artigo, Gibran. É um tema bastante interessante, além de transmitir uma mensagem positiva às pessoas que enfrentam essa dificuldade, serve para quebrar alguns preconceitos e idéias equivocadas sobre essa questão.

Um abraço.

23 de março de 2010 às 13:13

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