terça-feira, 2 de março de 2010

O perdão pelo divórcio

divorcio 

O matrimônio é a união de dois mundos opostos

Com galáxias diferentes, com formas desiguais,

Controlados por forças antagônicas

Que se atraem pela necessidade mútua

De elementos próprios de cada um desses mundos.

É a permuta constante desses elementos

Que garante a harmonia e a sobrevivência

Desse universo chamado casamento.

Homem e mulher se encontram,

Constroem sonhos e erguem sua morada

Nos terrenos do amor.

Mas os ventos nem sempre são serenos.

Às vezes, arrancam flores

E outras sementes começam a germinar

Pelos canteiros da casa.

Dois mundos em guerra medindo forças que antes se completavam.

É preciso fechar os olhos e enxergar os primeiros jardins,

As primeiras flores...

De onde vinham as sementes?

Talvez ainda existam algumas delas guardadas num lugar seguro.

É hora de arrancar as flores murchas com todos os seus espinhos,

Trabalhar novamente o terreno e plantar novas flores.

Quem sabe assim não renasçam os sentimentos

Soterrados na rotina da convivência,

Perdidos nas inúmeras tempestades?

Mas...

Quando a presença do outro nos provoca irritabilidade,

Quando os olhos disparam impropérios que estremecem até a alma

Quando o respeito já tem suas bases corroídas pela acidez das palavras

E elas escorrem nos lábios como o veneno de uma víbora,

Quando o desejo torna-se aversão...

O casamento já acabou.

Viver numa atmosfera de discórdia

É abrir as portas para que entrem todos os demônios

Que habitam os esgotos do ódio.

Romper o laço conjugal pode ser a única forma de recuperar a ternura,

De olhar o outro com respeito, de não odiá-lo.

É possível desenvolver uma outra espécie de amor

Quando o rancor não teve tempo de construir seu ninho em nosso coração,

Quando a mágoa se limita à fugacidade das circunstâncias.

A distância age como um remédio em nossas feridas,

porém, de nada vale esse distanciamento

Se insistirmos em continuar mergulhados

No lodo escuro do ressentimento.

Desejar o mal ao outro é, sem dúvida, alicerçar a própria infelicidade.

Ninguém encontra paz na revolta, na mágoa ou na vingança,

Ela nasce da nobreza dos sentimentos, da humildade, da consciência tranqüila.

Não há separação sem dor,

O fim de um casamento é sempre muito difícil,

Mas, quando a convivência torna-se um campo de conflitos

E o amor deixa de ser a razão da união entre um homem e uma mulher,

Suas almas já se divorciaram

E a separação é a condição imprescindível para o perdão.

 

Bernadete barreto

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2 Comentários:

gibranduraes disse...

Belo texto Bernadete...
Gostei do estilo.

5 de março de 2010 às 11:13
Deth Barreto disse...

Olá, Giba,
Obrigada por comentar!

Abraços...

9 de março de 2010 às 13:44

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