O perdão pelo divórcio
O matrimônio é a união de dois mundos opostos
Com galáxias diferentes, com formas desiguais,
Controlados por forças antagônicas
Que se atraem pela necessidade mútua
De elementos próprios de cada um desses mundos.
É a permuta constante desses elementos
Que garante a harmonia e a sobrevivência
Desse universo chamado casamento.
Homem e mulher se encontram,
Constroem sonhos e erguem sua morada
Nos terrenos do amor.
Mas os ventos nem sempre são serenos.
Às vezes, arrancam flores
E outras sementes começam a germinar
Pelos canteiros da casa.
Dois mundos em guerra medindo forças que antes se completavam.
É preciso fechar os olhos e enxergar os primeiros jardins,
As primeiras flores...
De onde vinham as sementes?
Talvez ainda existam algumas delas guardadas num lugar seguro.
É hora de arrancar as flores murchas com todos os seus espinhos,
Trabalhar novamente o terreno e plantar novas flores.
Quem sabe assim não renasçam os sentimentos
Soterrados na rotina da convivência,
Perdidos nas inúmeras tempestades?
Mas...
Quando a presença do outro nos provoca irritabilidade,
Quando os olhos disparam impropérios que estremecem até a alma
Quando o respeito já tem suas bases corroídas pela acidez das palavras
E elas escorrem nos lábios como o veneno de uma víbora,
Quando o desejo torna-se aversão...
O casamento já acabou.
Viver numa atmosfera de discórdia
É abrir as portas para que entrem todos os demônios
Que habitam os esgotos do ódio.
Romper o laço conjugal pode ser a única forma de recuperar a ternura,
De olhar o outro com respeito, de não odiá-lo.
É possível desenvolver uma outra espécie de amor
Quando o rancor não teve tempo de construir seu ninho em nosso coração,
Quando a mágoa se limita à fugacidade das circunstâncias.
A distância age como um remédio em nossas feridas,
porém, de nada vale esse distanciamento
Se insistirmos em continuar mergulhados
No lodo escuro do ressentimento.
Desejar o mal ao outro é, sem dúvida, alicerçar a própria infelicidade.
Ninguém encontra paz na revolta, na mágoa ou na vingança,
Ela nasce da nobreza dos sentimentos, da humildade, da consciência tranqüila.
Não há separação sem dor,
O fim de um casamento é sempre muito difícil,
Mas, quando a convivência torna-se um campo de conflitos
E o amor deixa de ser a razão da união entre um homem e uma mulher,
Suas almas já se divorciaram
E a separação é a condição imprescindível para o perdão.
Estas e outras reflexões da Bernadete Barreto são publicadas semanalmente no Incomode-se. Não deixem de acompanhar!
2 Comentários:
Belo texto Bernadete...
5 de março de 2010 às 11:13Gostei do estilo.
Olá, Giba,
9 de março de 2010 às 13:44Obrigada por comentar!
Abraços...
Postar um comentário
Caros leitores,
não serão admitidos comentários:
- Escrito em "miguxês"
- Com conteúdo ofensivo ou pornográfico.
- Com mensagens ou insinuações racistas
- Com assuntos estranhos ao discutido no post
- Com conteúdos publicitários ou de propaganda (SPAM)
E ATENÇÃO: Os comentários publicados são opiniões dos leitores. Não do Incomode-se.