domingo, 28 de fevereiro de 2010

Saques no Chile

Todas as vezes que um grande desastre põe a organização de uma cidade ou país em xeque, é comum que surjam as mais variadas convulsões no tecido social que pauta nossas relações. pessoas que até então se mantinham presas ás regras e ás sanções do Estado, passam a praticar atos de “transgressão” em nome de uma coisa muito maior: a própria sobrevivência.

Depois do terremoto de 8,8 graus, que devastou 80% do território do Chile e fez, até agora, 708 vítimas, várias pessoas no auge do desespero, saquearam diversas lojas na cidade no país. Uma das cidades mais atingidas pela onda de saques foi a cidade Concepción, onde, na imensa maioria dos casos, as pessoas corriam em busca de alimentos para satisfazer suas necessidades básicas. Vejam (as fotos são da Agência AFP):

Saque no chile 1Moradores saqueiam Loja em Concepción – Imagem: AFP – fonte: Yahoo! Notícias

Saque no chile 2 Sucos, leite e outros alimentos são os “alvos” preferidos da população. – Imagem: AFP – Fonte: Yahoo notícias 

Saque no chile 3 O Estado reage: polícia tenta conter os saqueadores. Fonte: Yahoo

Saque no chile 5Impotentes, eu muitas situações o soldados apenas olham a situação – Fonte: Yahoo 

Como vimos acima, os seres humanos criaram as sanções sociais para viver numa situação hipotética de “harmonia”. Quando chegamos perto do caos, a tendência é que esqueçamos os policiamentos e sirvamos aos nossos instintos de sobrevivência. É, talvez, nessas horas que o povo mostre a verdadeira força que tem.

Diante da situação insustentável, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, anunciou hoje que. em parceria com as redes de supermercados, vai distribuir alimentos básicos á população das regiões mais afetadas.

A maior parte das vítimas está concentrada na região de Maule, com 541, seguido pela localidade de Bio-Bio, com 64. Os 103 restantes morreram em outras seis regiões do país, onde estão também 2 milhões de desabrigados. Bachelet declarou "estado de catástrofe" em Maule e Bio-Bio. A Força Aérea irá levar suprimentos para as áreas e os militares vão assumir a liderança da distribuição.

Fonte: Estadão

Em outras palavras, o Estado irá agir para manter uma ordem ameaçada…

Henrique Oliveira

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3 Comentários:

Bruno José disse...

Caro Henrique,

muito interessante essa reflexão, de fato, em momentos de crise somos mais humanos ou intensamente humanos. Todavia, não concordo com vc ao afirmar que:
"os seres humanos criaram as sanções sociais para viver numa situação hipotética de “harmonia”".

Cara, não é uma situação hipotética, ao contrário, é uma situação real/concreta, sem às sanções sociais, sem regras, normas, direito, deveres, enfim, "acordos" de convivência, sem isso, sem dúvida, não é possível vida SOCIAL; será outro tipo de vida, mas não social. E como acho que os seres humanos são eminentemente seres sociais, logo, não vejo possibilidade de outra forma...A vida humana só em sociedade.

E sobre a questão da harmonia, aí, é outra história. Sociedade sempre é harmonia, conflito, crises, normalidades, continuidades, etc...

p.s: apenas para aquecer o debate.

abraço, Bruno.

28 de fevereiro de 2010 às 20:50
Guilherme Freitas disse...

Essas cenas mostram o desespero do ser humano, sem saber o que vai ser o dia de amanhã. Não se trata de vandalismo e sim de instinto de sobrevivência. Abraço.

1 de março de 2010 às 20:21
Henrique Oliveira disse...

Bruno,

O "hipotético" aí está se ligando, justamente, à questão da harmonia... É esse chamado Estado "pseudo-harmônico" que desmorona frente aos desastres, quando nosso instinto de sobrevivência clama por sair e, muitas vezes, por subjugar nossa tão "cultivada" racionalidade e ordem…

Creio que seja isso que esteja acontencendo no Chile.

Mas, eu concordo com você: “sem às sanções sociais, sem regras, normas, direito, deveres, enfim, "acordos" de convivência, sem isso, sem dúvida, não é possível vida SOCIAL”. No entanto, reflitamos, até onde vai a concretude disso tudo?

Pode parecer uma mera divagação. Mas, essa é uma questão que me incomoda… Afinal, estamos aqui p/ isso, né? rsrs…

Abraço.

3 de março de 2010 às 10:11

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