terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O MST político

Sem terra

Quando se fala em Movimentos sociais, muitos idealistas (coisa cada vez mais rara nos tempos de hoje) saltam em defesa da liberdade de atuação dessa forma de atuação política que é, não esqueçamos, socialmente LEGÌTIMA! Numa sociedade que se pretende mais igualitária e desenvolvida, é de cabal importância que os grupamentos humanos excluídos pela “verve” do sistema capitalista, se organizem e lutem, empunhando suas armas, contra o estabelecido, contra o que é tomado como dado!

Obviamente que, pela sua própria natureza,  muitas serão as frentes de atuação desses movimentos. E todas são justificáveis, desde que se resguardem os limites da ética e coerência política dentro dos quadros de ação. O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), por exemplo, tem a legitmidade de um autêntico movimento social. Pois (e isso eu falo por conhecer de perto a realidade dos sem terra), como não poderia deixar de ser, trata-se de movimento sustentado em suas ações mais numerosas por uma maioria de agricultores entregues à exclusão social e à extrema pobreza.

A diferença do MST para tantos outros movimentos sociais que existem no país, é justamente o seu porte. O movimento Sem Terra é uma organização gigantesca que, em muitos dos seus setores, está envovida em altas esferas de atuação política. Com a vitória do PT, histórico aliado dos Sem terra, o MST ficou ainda mais complexo e muito mais imerso nas esferas políticas do país.

Não dá mais para imaginar que o MST seja uma mero aglomerado de trabalhadores pobres e semi-analfabetos. Ele é muito mais que isso. É um movimento social que está intimamente ligado ao partido que comanda a nação atualmente. É uma organização complexa que têm em seus quadros desde os pequenos e pobres agricultores até letrados e intelectuais remanescentes da esquerda resistente da década de 1970.

O MST não age mais com ingenuidade. E isso é fato! tanto é que o jornal Estadão publicou hoje uma matéria afirmando que o movimento não irá realizar grandes ocupações nas vésperas das eleições. Segundo o texto:

O Movimento dos Sem-Terra deve concentrar sua agenda de ocupações no primeiro semestre de 2010, diminuindo as atividades com a aproximação do calendário eleitoral. A estratégia, admite um coordenador do movimento, tem por objetivo não municiar a oposição com argumentos que possam prejudicar partidos ligados ao movimento. […] O integrante da coordenação nacional do MST João Paulo Rodrigues avisa que, para a organização, o primeiro semestre será intenso, com muitas mobilizações e ocupações de terra. "Por ser um ano de eleições, tudo o que a gente faria no ano inteiro vai ter de fazer nos primeiros cinco ou seis meses", informa. Fonte: Estadão

Em outras palavras, aqueles que suspeitavam que o MST, há muito tempo, estava envolvido no jogo partidário da eleições, tinham razão. Eles estão! Porém, isse não é motivo para os latifundiários e seus cooptados meios de mídia descaracterizem o movimento! Afinal, para crescer nem o MST, nem nenhum outro movimento social poderia escapar desse jogo…

Henrique Oliveira

Quer mais? Siga-nos no Twitter e acompanhe de perto o Incomode-se!

11 Comentários:

Consultor Previdenciário disse...

Eu sou um defensor da liberdade e por isso não concordo com as ações do MST ou de qualquer outro grupo que use a força para fazer suas ideias vingarem.

2 de fevereiro de 2010 às 21:50
Henrique Oliveira disse...

Catarino,
eu concordo com você em parte!
Muitas vezes o mst age de forma inpensada e sob a orientação de pessoas que tem uma visão equivocada de movimento social! Ações violentas acabam manchando o MST e trazendo mais saldo negativo que positivo... Isso é, realmente, um erro.
Mas, não se engane! Para se implementar uma mudança profunda (como é a reforma agrária numa país de latifúndios como o Brasil), às vezes o povo não pode só ficar esperando a diplomacia. Poderosos não discutem com o povo...
É preciso, muitas vezes, partir para a ação. Mas, claro,essas ações têm que ser sem as violências que muitas vezes vemos...

Abraço!

2 de fevereiro de 2010 às 22:01
Guilherme Freitas disse...

Henrique, o MST tem total liberdade para se manifestar e defender seus ideais. Não concordo com o vandalismo que as vezes eles fazem, como aquela depredação dos laranjais, mesmo sendo terra da Cutrale (que muitos dizem estar ali ilegalmente). Vivemos em uma democracia e qualquer forma de expressão (sem vandalismo) é válida. Abraços.

2 de fevereiro de 2010 às 22:09
Sonia Regly disse...

Henrique,
Esse seu Blog é muito bom!!! Obrigada pela visitinha lá no Compartilhando as Letras.Volte outras vezes.

2 de fevereiro de 2010 às 22:44
Henrique Oliveira disse...

Obrigado Sônia!

3 de fevereiro de 2010 às 11:18
Bruno José disse...

Pessoal,

como não poderia deixar de ser, o sociólogo, entrará em cena, em partes, para fazer o papel de "advogado do diabo" ou para literalmente "botar lenha na fogueira", que já está acesa...

Bem, colegas e amigos do blog, como poderemos imaginar que as coisas "sociais" são conseguidas nesse país e no mundo? será que é por mera "boa" vontade dos governantes? Será que é como tirar uma carta da manga? Não, não é assim. Nada se consegue, para o conjunto pobre ou da classe trabalhadora, sem luta e mobilização social (sem pressão)...Pensem...Vejam diversos fatos históricos, em sua grande maioria, sempre estiveram atrelados a lutas sociais, à mobilização. Para citar um exemplo nosso, lembremos da consolidação das leis trabalhistas da década de 40, será que foi mera boa vontade de Vargas? Ao contrário, havia uma forte mobilização social engajada na busca por direitos, melhores salários, diminuição de jornadas... sindicatos ... Além de outras forças de esquerda (comunistas, socialistas, até anarquistas) e etc...

Portanto, colegas, não acho prudente mantermos o discurso muito rígido diante do MST...Mesmo porque, ele faz algo de extraodinário para nosso país, sobretudo em tempos de domínio brutal de valores que pregam por execelência o comodismo, o individualismo e o consumismo, ele luta por CAUSAS SOCIAIS...coletivas.

Os acho pacíficos até demais...sabia?? pelo menos, não saem por aí matando gente, como ocorre em diversas zonas rurais e rincões desse país. Quantos agricultores são mortos à mando de algum poderoso dono de terra? Vários. Até missionários estrangeiros eles matam. E aí, fica tudo por isso mesmo...E salve a quem tem dinheiro...

Na verdade, finalizando, que já me alonguei por demais, acho, sinceramente, vergonhoso a concetranção de terra do Brasil. Tantos milhares de kilometros de terra temos e até hoje não se fez a reforma agrária...Às vezes, penso que ainda vivemos em pleno século XIX com Coronéis, Senhores de Escravos, etc...

Claro que a Reforma Agrária não irá resolver todos os problemas, mas poderá dá um bom passo...Outro grande, seria uma reforma educacional.
Mas, as elites brasileiras vão se interessar por isso, será? E onde fica seu lastro conservador, patrimonialista...?

Só com luta social e mobilização se consegue fatias do "bolo" desse país.

saudações.

3 de fevereiro de 2010 às 15:21
Henrique Oliveira disse...

Concordo com vc Bruno! Sem luta (e luta pressupõe enfrentamento) o povo não vai galgar nenhum benefício real!

3 de fevereiro de 2010 às 16:04
Diogo C. Scooby disse...

Qualquer cidadão com um pouco de bom senso se envolve com política , porque é o que pode mudar MESMO nossa nação.
A questão é COMO isso se dá é claro.

Parabéns pelo blog, tá muito bom o conteúdo, Já assinei o feed.

Espero a visita de vocês que eu acho que podemos compartilhar conteúdo!

Abraço!

4 de fevereiro de 2010 às 16:08
Henrique Oliveira disse...

Claro Diogo!
nossas ações devem ser ponderadas em qualquer situação. Eis a finalidade de ternos a razão desenvolvida!

Obrigado pela visita!

4 de fevereiro de 2010 às 16:28
Antônio de Freitas disse...

Por ser a favor da liberdade, da cidadania, da igualdade social eu concordo com as ações do MST. Se tivessemos no Brasil mais movimentos sociais como esse poderíamos estar passando por um momento de esplêndido desenvolvimento social e humano. O MST luta por terras para os trabalhadores que realmente sabem usá-la para sua sobrevivência, para a soberania alimentar da família, Precisamos de movimentos sociais, que ajam com a mesma ou maior intensidade do MST, em outros campos da sociedade como, ações afirmativas, educação igualitária, coisa que essa elite - formada pelos mesmos que são contra o MST - não querem ver nem de longe. Concordo com o Bruno e o Henrique, só a luta pode trazer mudanças para a nossa sociedade, querer que as coisas mudem através da boa intenção da nossa elite é utópico.
Parabéns pelo texto e pela discussão.

7 de fevereiro de 2010 às 01:08
Bruno José disse...

Perfeito Antônio,

de fato, se for para lutar por essa "utopia" estou fora...Ou se luta por mudanças na "marra", na força e luta social ou prefiro ficar no "meu canto". Esperar por mudanças profundas de determinados governos, de determinadas elites, é totalmente descabido, um verdadeiro sonho. O pior de tudo é que existem diversos governos que prometem essas mudanças e tem gente que ainda acredita...É o verdadeiro "sonho" democrático/liberal, pura ilusão!

abraço, saudações, continuemos com os debates.

7 de fevereiro de 2010 às 14:35

Postar um comentário

Caros leitores,

não serão admitidos comentários:

- Escrito em "miguxês"
- Com conteúdo ofensivo ou pornográfico.
- Com mensagens ou insinuações racistas
- Com assuntos estranhos ao discutido no post
- Com conteúdos publicitários ou de propaganda (SPAM)

E ATENÇÃO: Os comentários publicados são opiniões dos leitores. Não do Incomode-se.