sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Dengue: o nosso Vietnã

Combate à dengue

Caros leitores, o assunto pode até parecer batido e você já deve estar, realmente, por dentro do problema da dengue no Brasil. Mas, a minha proposta aqui é olhar esse problema sobre outro aspecto, ou seja, INCOMODAR os leitores para que pensem reflexivamente sobre como o combate a essa endemia está sendo equivocado no nosso país.

Segundo o site www.combateadengue.com.br, os casos de dengue estão crescendo em cinco estados brasileiros no ano de 2010. Estão em alerta os estados do Acre, Rondônia,  Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, conforme lista do Ministério da Saúde. Porém, é visível que as propagandas de “conscientização” estão em alta. Então onde está o problema? Será que a população não sabe como deve proceder em casa para evitar a proliferação?

Os governantes vem a público dizer que VOCÊ cidadão tem que fazer a sua parte tampando as caixas d'água, jogando terrinha nos vasos, furando os pneus e virando as garrafas. Ok, governo, e a sua parte? Segundo o IBGE, metade dos brasileiros vive sem rede de esgoto (51,3%), sendo que a coleta e o tratamento cresce somente a 0,4% ao ano. Para se ter uma ideia, na região Norte só 9,5% das pessoas têm acesso a esse direito básico. Vale lembrar que nesses dados não entra a área de floresta inabitável, pois lá a “lei da selva” ainda faz com que os mosquitos sejam presas e não predadores.

Será que é difícil entender que a grande maioria dos mosquitos não ficam no vasinho de planta de sua casa? A maioria dos mosquitos fica nos esgotos a céu aberto, nos terrenos baldios, nas obras abandonadas e nos lixões gigantescos sem tratamento. E quando acontece as enchentes,  cada vez maiores, diga-se de passagem, o acúmulo de água parada pós-chuva multiplica o problema. Não quero aqui dizer que os trabalhos dentro de casa são ineficazes, mas sim mostrar que o problema é muito maior do que se imagina. Pois, o mosquito ganha vantagem estando no seu habitat preferido.

O mosquito da dengue é igual a qualquer espécie e segue o que Charles Darwin disse no seu grandioso trabalho sobre a evolução das espécies (séc. XIX): uma espécie só prevalece e se multiplica se as condições forem favoráveis pelo seu habitat (no caso da dengue, o clima tropical e a água parada) e se os seus predadores diretos estiverem em menor número (o predador direto do mosquito são morcegos e sapos que, pelo avanço da “selva de pedra”, estão rareando)…

O que acontece entre governo e população é a chamada transferência de responsabilidades, muito comum entre irmão mais velho e irmão mais novo na maioria das famílias, ou seja, o irmão mais velho (governo) quando quebra o vaso de porcelana da mãe com a bola, seu primeiro impulso é culpar o irmãozinho (população) pois este não tem como se defender e às vezes nem entende como a porcelana se quebrou. Mas nós devemos entender e saber porque a dengue avança e também entender porque não conseguimos acabar com ela. Devemos apontar para o irmão mais velho e dizer quem realmente é o culpado. Ou corremos o risco de termos que nos retirar dessa batalha, que, apesar de longa ainda, é justa.

Gibran Durães

 

* Para saber mais:

http://www.combateadengue.com.br/

http://portal.saude.gov.br/saude/area.cfm?id_area=920

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2 Comentários:

Henrique Oliveira disse...

Só quem já pegou essa doença, sabe o quão perigosa ela pode se tornar!
A responsabilidade por erradicar essa praga é de todos nós. E o governo tem que atuar de maneira incisiva no que lhe couber!

Abraços!

26 de fevereiro de 2010 às 17:35
Guilherme Freitas disse...

Há anos o Brasil convive com a dengue e não consegue erradica-lá. Esta na hora do governo usar tudo que tiver ao seu alcance para acabar com essa praga que custa vidas humanas anualmente. Abraço.

2 de março de 2010 às 20:58

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