O que é preciso para que os políticos olhem para a escola pública?

[...] conscientes da existência do Projeto criado pelo Senador Cristovam Buarque que exige que os filhos de políticos sejam matriculados em escolas públicas, e que não chegou nem mesmo a ser votado (embora tivesse sido entregue ao Senador Antonio Carlos Valadares para que fosse relatado), exigimos que o Senado Federal tome consciência desse projeto e que façam a votação favorável a ele.
Essa exigência de nossa parte se pauta no ideal de equiparação e indiscriminação, assim como na nossa crença da necessidade de acesso universal ao ensino público gratuito e de qualidade. Acreditamos que, em um país em que a Educação tem sido relegada a quintos planos, a aprovação desse projeto virá a tornar a educação pública um dos grandes pilares para o desenvolvimento socioeconômico e cultural do Brasil. Temos a convicção, ainda, de que os políticos, como representantes do povo brasileiro, não devem temer a matrícula de seus filhos na educação pública, pois é lá que se devem educar futuros líderes e os futuros cidadãos conscientes e críticos, assim como acreditamos que os políticos, como nossos representantes escolhidos por nós devem, por bem à coerência, fazer uso consciente dos serviços públicos para que, perto da realidade do país que representam, possam trabalhar verdadeiramente para as melhorias pelas quais esses serviços clamam.
O projeto de lei a que se refere o texto do abaixo-assinado realmente está em tramitação no Senado federal. Trata-se do PROJETO DE LEI DO SENADO (PLS) Nº 480, DE 2007, que, atualmente, foi devolvido pelo Senador Antônio Carlos Valadares, da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, e aguarda “data oportuna” para que se instale uma audiência pública para a discussão da matéria. Em outras palavras, o projeto está “emperrado” na burocracia do Senado e, pelo que vemos, já que o texto é de 2007, continuará assim por um bom tempo.
Até agora, da mesma forma que o projeto de lei, também o abaixo assinado não deu muito certo. Isso pode ter se dado por uma mera falta de divulgação, mas, em minha opinião, ele tendeu a não dar certo, simplesmente, porque não tem muito sedimento: não é com um projeto obrigando filhos de políticos a se matricularem nos colégios públicos que iremos melhorar nossa educação gratuita. O problema é de vontade política mesmo. Não adianta querer lavrar atos de mera pressão se você não costurar os apoios e mentalidades políticas que são necessários para que um projeto seja “eficaz”.
A dança política no Brasil já demonstrou há muito tempo que medidas contrárias aos “interesses” de seus parlamentares tendem a se perder na selva das inúmeras tramitações burocráticas do poder. E isso é, para ELES, providencial. Apesar de não concordar muito com os termos da ideia do senador Cristovam, é um absurdo ver que as ideias contrastantes, simplesmente por serem contrastantes, não apareçam ao povo, nem na “ordem do dia” do legislativo.
Os senadores, diferente do que disse o texto do abaixo assinado acima transcrito, não tem medo da escola pública em si. Tem medo sim de começarem a discutir um dos setores do desenvolvimento nacional que é mais carente: a educação pública. Têm medo eles de se confortarem com alguns dos fantasmas de sua própria negligência e descaso.
Por isso, mesmo não concordando em parte, admito que o abaixo-assinado acima tem até algum mérito: porque ele mostra que algumas poucas pessoas ainda estão de olho nas artimanhas dos nossos velhos senadores. Talvez, se, através de uma pressão popular, essa matéria já tivesse sido votada e discutida, pudéssemos hoje estar com uma lei de incentivo á melhoria do ensino público no país. Afinal de uma ideia, mesmo que inicial, podem surgir muitas outras, basta estarmos abertos ao diálogo...
Por isso amigos, o exemplo dessa pequena iniciativa nos é bastante salutar: todos nós devemos fiscalizar e acompanhar os projetos dos políticos que elegemos. Cobrem a atuação deles, apoiem abaixo-assinados, saiam ás ruas. Alguma coisa tem que ser feita, porque só agindo é que podermos modificar um pouco essa nossa realidade.
Foto: Germano Leite
1 Comentário:
Discordo totalmente com essa ideia do Senador Cristovam Buarque, num é preciso essa lei, nem mesmo um abaixo-assinado exigindo essa aprovação. Na verdade, se fosse levado a sério alguns dos princípios consitucionais que já garantem educação universalizante e de qualidade nada disso seria necessário. Ou seja, acredito que mobilizações, passeatas, abaixo-assinados e etc., deveriam ser lançados para se cobrar o que já está posto e não para criar novas leis, num país onde bem se sabe que criar leis não resolve nada. Afinal, muitas delas ficam apenas no papel.
10 de julho de 2009 às 22:06Portanto, acho que o querido senador referido acima deveria era tirar as máscaras que usa para se relacionar com os canalhas e lacaios e, ao contrário, deveria partir para um confronto direto, sincero, onde sua única arma seria tratar apenas com a VERDADE, nada mais, o povo merece isso...Merece que alguns políticos, os decentes, pelo menos, realmente façam política com dignidade, com transparência, para isso, chega de coleguismos e tapinhas nas costas... Quantas faces tem esses políticos? A cada dia se valem de uma nova para melhor se relacionar com a roubalheira. E no final, todos são "santos"...Abaixo a hipocrisia. Saudações, Bruno Durães-Zecão. Sociólogo
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