O efeito velório

A impressa, inclusive, já tinha, previamente, "enterrado" o ex-número 1. Quando o "mito" consegue uma vaguinha no noticiário não é por seu novo disco (que a crítica detestou...) e sim por causa de algum escândalo pessoal alimentador do mais diversos fetiches escondidos das pessoas da audiência...
A fama já não é mais a mesma, a ex-celebridade, o ex-número 1, o ex-fenômeno de vendas parece estar acabado, se entregando á depressão, às drogas e ao ostracismo.... E assim é até que, como uma revolução, começamos a colocar nosso lado mórbido e caridoso em ação: basta que o cantor morra para seus discos e músicas voltem às paradas de sucesso.
Até hoje eu não entendo porque a morte do cantor nos leva a buscar aquelas velhas músicas que já ouvimos milhares vezes. Será que a morte dá um tempero novo à nossa percepção do artista? Será que somos guiados por uma espécie de compaixão automática que nos leva a comprar os discos do falecido por pena? Será? Eu, sinceramente, não sei. Mas, o fato é que isso acontece, e muito.
O último falecido famoso que fez valer esse “efeito velório” no mundo musical foi o cantor Michael Jackson: vindo de uma carreira que já se encontrava agonizante, o cantor americano teve a venda dos seus discos alavancada pela notícia de sua morte. Há três semanas, o cantor está ocupando o topo das paradas de sucesso inglesas. Conforme publicado pelo Estadão, o Rei do Pop “segue no topo da parada britânica de álbuns pela terceira semana consecutiva, informou a Official Charts Company neste domingo. [...] O álbum The Essential, com os maiores sucessos de Jackson, é o primeiro colocado na lista dos mais vendidos pela segunda semana seguida. Na primeira semana logo após a morte do cantor, o CD mais vendido foi Number Ones. [...] Os álbuns de Jackson venderam, juntos, quase 600 mil cópias na Grã-Bretanha, na semana passada. Desde a morte do cantor, no último dia 25 de junho, o número de álbuns e singles vendidos chega a 1,5 milhão”.
Ou seja, a morte causa, realmente, um efeito curioso no “bicho homem”: tende-se a se solidarizar com o sofrimento do morto, esquecer suas falhas, “perdoar” seus erros antes imperdoáveis e, claro, retomar as antigas lembranças de bons momentos com a falecido... No mundo da música esses sentimentos se revertem em vendas de discos e retornos triunfais de “imagens” desgastadas. As pessoas parecem se lembrar, de uma hora para outra, que gostavam daquela obra esquecida e, por isso, correm para comprar ou desencavar as jóias do artista que, antigamente, foi um grande sucesso. Todo mundo volta a gostar da ex-celebridade e, ela, depois de morta, volta a fazer um estrondoso sucesso.
Michael Jackson é a prova de que uma morte bem "arquitetada" pode vender muitos albuns...
Foto: g - http://www.prensalibre.com/
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