Mãe é quem pare ou quem cria?

De um lado a turma do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que foi ela que implantou o Real no país. Os tucanos defendem que foi o PSDB quem gerou e “pariu” o plano e que por isso é, por direito, a “mãe” legitima. O PT, por sua vez, endossa a situação salomônica: liderados por Lula e Mercadante petistas de todo o país bradam: mãe de verdade é quem cria!
O Partido dos Trabalhadores afirma que foi no governo Lula que o Plano Real, de fato, pode dar certo. Segundo eles, petistas, foi com a equipe de Lula que as medidas austeras geradas no governo Itamar Franco (com FHC como ministro da fazenda), puderam ser trabalhadas com mais profundidade, foi com Lula, segundo eles, que as medidas se “criaram”. Conforme publicado pela Agência Estado, O líder do PT no senado, Aloizio Mercadante (SP), “alegou que as lideranças do PSDB, do DEM e de outros partidos que formaram a base do governo Fernando Henrique Cardoso não podem reconhecer apenas a "primeira parte" da história do Real, renegando o que foi realizado ao longo da administração Lula. ‘Nós tivemos nesses seis anos e meio um papel decisivo em manter a estabilidade’, afirmou”.
Mas, na verdade, mãe é quem pare ou quem cria? Na vida cotidiana a maioria das pessoas responderia que a mãe verdadeira é aquela que cria o filho, que lhe dá sustento, que lhe acompanha nos problemas. Não aquela que apenas deu a luz e se foi. No caso do plano Real, porém, a coisa é um pouco mais complicada. Desde o governo Itamar Franco, quando foi inplantado, Plano Real vem gerando discussões acerca da sua “maternidade”. Para Itamar, FHC não foi o grande “guru” do Real e da estabilização da inflação:
Em outras palavras, todos os que se envolveram com o plano real e o seu sucesso depois de outros fracassados pacotes econômicos, agora querem os louros da vitória. Em tempos de campanha próxima, poder se apoderar da autoria de uma medida tão bem sucedida parece, mesmo depois de 15 anos, ser ainda bem “lucrativo”. Afinal, como bem disse o ex-presidente FHC em entrevista ao Portal Exame, “Não há comparação entre o Brasil de hoje e o Brasil há 15 anos. Além de uma doença econômica, a hiperinflação foi um flagelo social e uma ameaça política. Aumentava a pobreza, concentrava a renda, impedia o país de se desenvolver e colocava em risco a democracia recém- conquistada. Nenhum dos avanços obtidos nesses 15 anos teria sido possível se a inflação não tivesse sido derrotada”.
É verdade. O plano real com certeza mudou os rumos da história brasileira: era preciso que, depois do fracassado plano cruzado (1986), os profissionais que estavam envolvidos com as políticas econômicas nacionais, tomassem consciência que o controle do processo inflacionário se fazia urgente e extremamente necessário. E isso foi feito em quatro vertentes:
a) alteração da estratégia autárquica e protecionista de crescimento econômico que estava exaurida em seus instrumentos e formas de financiamento;
b) diminuição do efeito devastador que décadas de inflação sobre o crescimento econômico;
c) estabilização da relação de troca no mercado nacional. Com preços relativamente flutuantes capazes de recuperar a capacidade de expressar uma realidade econômica;
d) rechaçamento de qualquer tipo de congelamento de preços;
Com a mudança de postura, então, e com uma boa equipe de economistas, o Real nasceu e a economia brasileira pode se refazer. Muita coisa deu certo e muitas outras ainda precisam dar. Mas o avanço nesses último 15 anos é inegável. Passamos de uma economia instável e endividada para um país que hoje é, até, credor do FMI. Todos os que trabalharam para que o Plano Real desse certo têm, sim, seus méritos e devem ser reconhecidos. Porém, devemos nos lembrar, da mesma forma, que estas mesmas pessoas também protagonizaram capítulos da história política de um país que ainda é violento, analfabeto funcional, desempregado...
Colher os "louros da vitória" do Plano Real tem que ser ter um limite. Não precisamos de políticos vaidosos, mas sim governantes cientes de que cumpriram apenas uma parte de sua obrigação...
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