A “frágil” posição de Agripino

Quando um deputado ou Senador propõe uma ação, contra algo que se considera obscuro ou, mesmo, corrompido, ele o faz sempre pensando, também, no seu ganho (econômico, na maioria das vezes) futuro. Óbvio que toda generalização é falha, mas essa é a regra no nosso país. O deputado nunca trabalha para ferir seus próprios interesses ou os interesses do seu “grupo de sustentação”. Mesmo quando a coisa pública é lesada, nossos parlamentares relutam em atuar, renegam a função que lhes foi delegada pelo voto do povo. Primeiro eles pensam: “será que isso vai ser bom para mim”... Se não for, não tem projeto, nem idéia, nem CPI...
Parece até uma piada, mas esta é a lógica que embala o jogo político brasileiro atualmente. O Senador José Agripino Maia (DEM / RN), um dos atuais líderes da oposição no Congresso nacional, por exemplo, não está tão à vontade assim com a CPI da Petrobras. Por quê? “Simplesmente” pelo motivo de que a investigação na Estatal, se levada a cabo, poderá macular os rentáveis negócios familiares comandados pelo seu filho, o Deputado Felipe Maia (DEM). Conforme publicado pela revista Istoé desta semana, desde a década de 1980, Agripino e sua família vem recebendo royalties da Petrobras por ser dono de uma propriedade no Rio Grande do Norte onde se encontraram poços de Petróleo. Além disso, Felipe (o filho) é o maior sócio da “Comércio de Combustível para Aviação Ltda.” (COMAV). Essa empresa fornece o combustível que abastece os aviões dos aeroportos de Natal e Mossoró e gera um lucro anual estimado em 50 milhões de reais, segundo reportagem da revista Istoé.
Para fornecer seus serviços, a COMAV necessita de um contrato com a BR distribuidora. E, para isso, logicamente, precisa manter estreitas relações com a Petrobras. Logo, se uma CPI vier a devassar supostas contas fraudulentas nos contratos da Estatal, provavelmente a empresa “dos Maias” irá arcar pesadas consequências. Isso sem contar que existe, ainda, suspeitas em relação á distribuição dos royalties (outra “pedra no sapato” de Agripino que é fundador da Associação dos Proprietários de Terras Produtoras de Petróleo e um dos entusiastas da atual “conformação constitucional” da forma de pagamento dos royalties).
Com todo esse envolvimento, Agripino Maia se manteve numa espécie de “postura defensiva” em relação a CPI da Petrobras. Como líder do governo, se esperava a tendência a uma postura mais incisiva. No entanto, mesmo com indícios de que existam falcatruas por detrás de alguns negócios da Estatal, e passando por cima, até, das posturas mais “virulentas” de alguns dos outros “caciques” do seu grupo político, o Senador preferiu não se mostrar muito e se manter mais à sombra do processo. Apesar de dizer que “apóia” da iniciativa da CPI, Agripino está se mostrando um pouco “acanhado” diante de uma situação que pode lhe render não muitos bons frutos políticos e econômicos. Para ele a CPI deve ter continuidade, mas “pautada por uma atitude pragmática, para evitar prejudicar a imagem da companhia no mercado mundial” (citação: Terra Magazine).
Por “atitude pragmática”, pode-se interpretar muitas coisas. No entanto, o que parece é que, realmente, o Senador está, apesar de sua dita liderança oposicionista, preocupado com “o seu”. Por causa da possibilidade de ver sua família envolvida numa desgastante investigação, talvez Agripino seja um dos primeiros a pisar no freio dessa investigação. Não seria de se estranhar. Afinal, “farinha pouca...”
Foto: Bruno Biagioni Neto
2 Comentários:
Quando se fala de deputados e senadores, logo desvio meu olhar ou minha atenção, sinceramente, cansei de saber sobre corrupção desses "supostos" representantes do povo...
8 de junho de 2009 às 15:42Eles deveriam é ter vergonha de receber um salário e benefícios tão elevados diante de uma população pobre e miserável como a nossa.
Êta povo CORDIAL, como diria Sérgio Buarque de Holanda...Uma maldita marca cultural da sociedade brasileira. Quando deixaremos de ser pacatos e acomodados, quando? O que mais é preciso para reações enérgicas do povo?
Pressão popular, é disso que eles precisam...
inté,
Bruno Durães.
Sociólogo.
É mesmo triste a situação polítca do nosso país. Hoje, não sabemos mais de nada em relação àqueles em quem votamos e elgemos. A única "carta de conduta" que eles parecem seguir é carta do "salve-se quem puder" e do "rouba, mas faz"... Essa figuras deveriam ser extirpadas do governo, isso sim...
9 de junho de 2009 às 16:44Postar um comentário
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