A "ameaça" sulina

Segundo a revista, teme-se que exista uma transferência "desregrada" de tecnologia militar entre os dois países. O bloco Europeu teme que o Brasil e sua marinha de guerra (principalmente no que toca a parte dos submarinos nuclearaes) cresça "demais" com tal transferência e deixe de ter um papel secundário na geopolítica do Atlântico Sul.
Some-se a essa informação ao fato de que os mares do Atlântico Sul tem, nos últimos anos, crescido em importancia política, e veremos como essa "preocupação" europeia com as nossas defesas se "justificam". Os mares da parte Sul do planeta, hoje, concentram grande potencial de produção de petróleo (haja vista o "pré-sal") e comércio. Além disso, as nações da região têm crescido exponencialmente em importância política e militar, o que faz com que aquelas antigas rotas ligando o nordeste brasileiro à costa africana voltem a ser (se é que um dia deixaram de ser) de interesse militar para os europeus e americanos.
Ao avançar tecnologicamente e promover uma alta dos preços do petróleo, a economia mundial viabilizou economicanente a exploração e a produção de óleo e gás de reservas localizadas em áreas até há pouco tempo impensáveis, como as do pré-sal. O descobrimento do potencial destas reservas, que ficam nas bacias sedimentares da porção ocidental do Atlântico Sul, contribuiu para que se vislumbrasse uma possível "independência" dos Estados Unidos em relação ao petróleo do Oriente Médio. Com isso, países como a China (vejam como a coisa vai longe) passariam a ser os principais compradores daquela região, e, então, a presença militar e naval norte-americana, no Golfo Pérsico e em suas proximidades, poderia ser menos "incisiva". Pode-se constatar, pois, que o ponto central do interesse da Marinha dos EUA está na iminência de se deslocar com força para o Atlântico Sul. Isso justifica o plano de reativação de algumas Esquadras da Marinha dos EUA no nordeste brasileiro, subordinada ao Comando Sul das Forças Armadas estadunidenses que estão atualmente em curso.
Para o cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira, em artigo publicado na Revista Espaço Acadêmico, "A Segunda Guerra Mundial evidenciou a importância geopolítica da América do Sul na estratégia dos Estados Unidos, que necessitavam não apenas assegurar as fontes de matéria-prima – ferro, manganês e outros minerais indispensáveis à sua indústria bélica – como também manter a segurança de sua retaguarda e do Atlântico Sul. O Brasil fornecia aos Estados Unidos produtos agrícolas, borracha, manganês, ferro e outros minerais estratégicos. Mas com sua posição no subcontinente, na América do Sul, revestia-se de maior relevância geopolítica, devido ao imenso espaço territorial e aos recursos que possuía e ao fato de ter fronteiras com todos os países da região (exceto Chile e Equador), ocupar grande parte do litoral do Atlântico Sul, defrontado com a África Ocidental. [...] Daí a pressão para que o Brasil permitisse a implantação de bases navais e aéreas nas principais cidades litorâneas do Nordeste, de onde os aviões da IV Frota americana, fundeada em Recife, realizaram vôos diários, através do Cinturão do Atlântico Sul [...]."
Não é de se estranhar, então, que países europeus estejam precionando a França por conta do seu acordo militar com o Brasil. Como fizeram com a economia durante muitos anos, esses países historicamente dominadores querem que os "potenciais" da américa do Sul não brotem, e para isso movem "cèu e terra" para barrar as nossas defesas. O problema é que a situação política na América do Sul vem mudando muito nos últimos tempos. O chavismo na Venezuela, o governo Morales na Bolívia e a superpopularidade populista de Lula no Brasil, vem provando que nem sempre as tutelas saem como previsto...
Obviamente que a questão armamentista nunca deve ser o centro das preocupações. No entanto, um país que se queira realmente soberano deve ter em mente sua estratégias de defesa. Cabe ao Brasil, portanto, responder, na vista do presidente Sarkozy em setembro, que não aceitará mais esse tipo de grilhão e patrulhamento. Os países europeus estão de olho na nossa área geopolítica e se ficarmos de braços cruzados poderemos estender por mais alguns dolorosos anos a situação de "colônia" que nos caracterizou no século 20.
Foto: billiewonder
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