quinta-feira, 22 de abril de 2010

Começou…

serra-e-dilma

Confesso que tenho relutado com certa veemência em adentrar na discussão sobre a sucessão presidencial. Sim, embora tenha feito, aqui mesmo nesse espaço, diversas criticas ao governo, até então elas se restringiram muito mais às posturas e declarações do presidente Lula. Podem argumentar que a Dilma faz parte do governo e por isso a minha justificativa é descabida, mas convenhamos, ser ministro é uma coisa, ser candidato à presidência da República é outra coisa.

Não nutro grandes simpatias por José Serra. Quanto à Dilma, até muito pouco tempo, era completamente indiferente. Por isso, ainda não assumi declaradamente uma posição ou uma oposição. No entanto, a guerra, ao menos na grande mídia, já começou.

A revista VEJA dessa semana, com toda a “imparcialidade” que lhe é peculiar, estampa na sua capa um sorridente José Serra, sobre o emblemático título “Serra e o pós-Lula”, citando logo abaixo uma frase do presidenciável: “Eu me preparei a vida inteira para ser presidente”. Honestamente, não vejo nada de mais nisso. A VEJA é uma revista “imparcial”, nada tendenciosa. Perdoem-me a minha miopia.

Segundo noticia da Folha online de 19/04, o jornalista responsável pela coordenação da campanha de Dilma Rousseff na internet, Marcelo Branco, conseguiu enxergar propaganda subliminar pró-Serra no vídeo comemorativo dos 45 anos da TV Globo, que começou a veicular na noite de domingo. No outro dia a emissora resolveu tirar o vídeo do ar. Em nota a emissora esclareceu: “qualquer profissional de comunicação sabe que uma campanha como esta demanda tempo para ser elaborada. Mas a Rede Globo não pretende dar pretexto para ser acusada de ser tendenciosa e está suspendendo a veiculação do filme."

É inegável que os meios de comunicação de massa exercem um poder enorme, e muitas vezes até decidem uma eleição. É inegável também que assim como as demais empresas e instituições, eles norteiam os seus apoios, ainda que disfarçando-os, de acordo com os seus interesses políticos, econômicos, financeiros, etc., e isso não é nenhum crime, nenhum pecado. No entanto, a aura de imparcialidade e objetividade que tentam transmitir, é o que incomoda.

Lembro-me que na última eleição presidencial a revista Carta Capital, em editorial, declarou abertamente o seu apoio à reeleição de Lula, o que, obviamente, foi motivo de inúmeras discussões nas academias, nas ruas e na própria imprensa. Questionava-se naquele momento a conduta de um meio de comunicação que, na sua gênese, segundo as teses contrarias à postura da revista, deveria manter-se imparcial. Na minha modesta opinião, bobagem, balela...

Acho que a Globo não deveria ter tirado o seu vídeo do ar. Assim como acho que, mesmo sendo um critico ferrenho da revista VEJA, ela também não deve tirar os exemplares da revista de circulação. Acredito que os jornais, assim como qualquer instituição, também têm direito à opinião, no entanto, que as assumam, assim como fez Carta Capital. O que não dá é pra continuar com essa hipocrisia de dizer que são imparciais, que não tem preferências. Que assumam abertamente suas posturas, pois só assim poderão auxiliar democraticamente o público nas suas escolhas.

J. Dannieslei

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1 Comentário:

Bruno José disse...

Rapaz,

sinceramente, da "veja" quero distância, acho que prestam um deserviço e desinformação ao país, nada consegue ser mais nítido que isso. Não recomendo a ninguém, evito até fazer referência...

No mais, tem-se que jogar no cenário do debate o conteúdo dos programas políticos que estão em disputa entre estes candidatos, isto sim, temos que indagar, dialogar etc. Mas, acho que essas coisas irão aparecer mais para frente...

abraço, valeu pelas reflexões políticas

27 de abril de 2010 às 10:19

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