O filho do homem
Século XXI. Mais de dois mil anos se passaram e os nossos lábios ainda guardam o amargo da condenação. Os séculos não puderam lavar o sangue respingado em nossa memória, nem os nossos ouvidos deixaram de ouvir o canto de liberdade nascido daquele olhar. Fomos arrastados para o futuro, mas a lama do passado continua impregnada em nossas sandálias, e a cada dia novos pregos são cravados nas mãos de Jesus, pois cada vez que violamos a sua lei de amor, é como se prosseguíssemos com a crucificação, é como se admitíssemos ter sido vã toda a Sua filosofia. Até quando a raça humana permanecerá no escuro dos seus enganos e das suas lamentações? Como poderemos compreender a grandeza da missão do Cristo se a nossa alma ainda se revolta diante das menores adversidades?
Muitos dos valores que cultivamos hoje têm a idade da nossa ignorância. Acreditamos, cegamente, em idéias que nos foram incutidas pela nossa cultura, em conceitos ultrapassados que o orgulho insiste em proteger. O farisaísmo criou raízes profundas em nossos corações e, apesar de nos dizermos cristãos, nossas atitudes dizem bem pouco daquilo que O Filho do Homem entregou sua vida para nos fazer entender. E nós ainda não entendemos. O mundo não terá ainda entendido, enquanto houver mãos que apertem um gatilho contra o seu semelhante, enquanto o perdão for motivo de desonra, enquanto a humildade for motivo de escarnecimento, enquanto o orgulho for o guia dos nossos passos e ignorarmos a necessidade de amarmos fraternalmente uns aos outros.
Estamos no início da Semana Santa. Nesses dias o nome de Jesus é lembrado com maior comoção pelos cristãos. Seria bom se sempre refletíssemos sobre essa personalidade extraordinária que foi Jesus. E que essa reflexão não se prendesse à sua morte, mas ao seu elevado exemplo de vida.
Cristo. O Profeta, O Revolucionário, O Transgressor, O Filho Único da Liberdade.
Embora a ignorância tenha arrancado o teu último gemido, Tu continuas a falar dentro de nós. E, embora os teus lábios tenham sido cerrados no dia do Teu calvário, a nossa alma não pode deixar de Te ouvir, pois o eco do Teu silêncio é mais tenaz e mais profundo que o grito de toda a humanidade. Conhecemos os Teus ensinamentos, mas esse conhecimento ainda não penetrou as camadas mais profundas do nosso ser, ele apenas se agita às portas da nossa consciência, na ânsia da suprema elevação. O estágio de imperfeição no qual ainda nos encontramos, é resultado da nossa insistência e acomodação no erro. Ajuda-nos, Senhor, a despertar a sabedoria guardada em nossa essência, porque a cegueira que nos atinge, embaça a nossa compreensão sobre a grande finalidade da Tua passagem pela Terra.
Todas as noites, antes de dormir, ornamos o nosso verbo no desejo ingênuo de impressionar-Te, mas o nosso espírito não conhece o calor do nosso próprio verbo. Agradecemos-te com os nossos lábios, mas as nossas mãos se negam a servir àqueles que Tu nos envia à porta.
Perdoa-nos, Senhor, pela nossa dificuldade em seguir-Te. E ensina-nos a compreendermos a nossa própria alma, porque é nela que encontraremos os caminhos que nos levarão à prática do Teu indefinível amor.
---DEIXE SUA OPINIÃO. COMENTE!---
Postar um comentário
Caros leitores,
não serão admitidos comentários:
- Escrito em "miguxês"
- Com conteúdo ofensivo ou pornográfico.
- Com mensagens ou insinuações racistas
- Com assuntos estranhos ao discutido no post
- Com conteúdos publicitários ou de propaganda (SPAM)
E ATENÇÃO: Os comentários publicados são opiniões dos leitores. Não do Incomode-se.