Até onde vai o seu altruísmo?
Quando estamos em equilíbrio com o nosso organismo e em plenas funções vitais, às vezes não paramos para pensar em como seria difícil se, de repente, nos deparássemos com uma situação de necessidade de um transplante de órgãos. Caro leitor, imagine-se agora dentro de um consultório médico à espera de um resultado de um exame de rotina e o seu médico calmamente lhe dizendo que o resultado mostra que você precisa “urgentemente” de um transplante, caso contrário você correrá risco de morte.
Primeiro, nós da área de saúde sabemos que você na situação hipotética acima irá tentar de todas as formas negar a situação, questionar o médico, dizer que o exame foi trocado, etc. Depois cairá numa reflexão, se perguntando como isso foi acontecer logo com você, e talvez perguntar por que Deus fez isso com você. Mas mesmo nessas fases o tempo estará se esvaindo, as filas para transplantes de rim ou fígado, por exemplo, duram, às vezes, anos para andar. E, por isso, muitas vidas se perdem no caminho.
A terceira parte dessa situação, é que você deverá esperar. Teoricamente tanto ricos como pobres terão que enfrentar a temida fila. Digo teoricamente porque se sabe que num país onde a corrupção permeia toda a sociedade, não seria de se assustar se ela abraçasse também essa área. Mas, você na maioria das vezes terá que viver à espera de uma ligação e sem saber realmente se essa resposta vai chegar a tempo.
O problema do ser humano está em apenas procurar ajuda e não procurar oferecer ajuda, pois saibam que hoje enquanto eu digito esse texto, milhares de doentes estão à espera de apenas um sinal positivo da família de alguém que teve morte cerebral. Anos atrás o governo tentou, em vão, aumentar o número de transplantes taxando na carteira de identidade se a pessoa era ou não doadora. O resultado foi justamente o contrário. Talvez por medo ou por insegurança, as pessoas não queriam ter em seus documentos um salvo-conduto para cirurgias post-mortem.
Apesar de ainda lutarmos contra algumas crendices e também contra a desconfiança nos serviços de saúde os números do transplantes estão melhorando. Segundo o site http://www.adote.org.br/imprensa.htm o país registrou recorde de doações em 2009. Talvez as campanhas, um maior esclarecimento do assunto e algumas políticas acertadas possam ter ajudado a melhorar esse índice para o Brasil, mas quero aqui fazer mais: quero que discutamos isso com quem realmente pode falar pela gente na hora da nossa morte, ou seja , nossa família. Convoco a todos para ler esse artigo a debater o assunto com clareza com amigos e familiares. Pois, temos que bater no peito e nos dar esse direito de salvar vidas, mesmo quando a nossa já se extinguiu. Talvez assim entendamos o real sentido da palavra altruísmo.
P.S: O vocábulo VOCÊ foi utilizado em demasia nesse texto para lembrar quem é o responsável pelo aumento do número de transplantes no Brasil. Lembre-se que VOCÊ pode mudar a história de outras pessoas e esse preço jamais ninguém vai estipular.
Para saber mais:
http://www.adote.org.br/index.php
http://www.abto.org.br/abtov02/portugues/populacao/home/home.aspx
3 Comentários:
Muito bem Gibran, é sempre importante ressaltar este tipo de importância supracitada. Isso é algo extremamente interessante e certamente o público tem que "arregaçar" os olhos em prol deste sistema. Certamente, de que depende isso? Nós mesmos, né? Pois é, aí que está um dos problemas. Imagina você convencer tantas pessoas sobre a importância disso?! Lidamos com diversos pontos de vista distintos..., o que torna um pouco mais complicado este fato, não é vero?
5 de março de 2010 às 12:55Valeu
Doação de órgãos é uma forma muito bonita de solidariedade. E deve ser praticada por todos nós. Afinal, não devemos medir esforços para ajudar...
5 de março de 2010 às 15:58Belo texto Gibran.
Olá Henrique,
5 de março de 2010 às 17:56Doar órgãos é, sem dúvidas, um ato de solidariedade e que pode salvar vidas. O doador não precisa deixar nada assinado. Basta conversar com a família e deixar bem claro o seu desejo de ajudar ao próximo, pois só os familiares podem autorizar o procedimento. Divulgue essa idéia e salve mais pacientes.
Para mais informações: fernanda.scavacini@saude.gov.br
Ministério da Saúde.
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