quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Todos de esquerda...

Nesta quarta-feira, 14, o presidente Lula deu uma declaração bastante curiosa em um de seus inúmeros discursos. Durante a comemoração dos 45 anos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o presidente disse que o cenário eleitoral brasileiro para 2010 não apresenta nenhum candidato genuinamente de direita. “Uns podem não ser mais tão esquerda quanto eram. Não tem problema. A história e a origem dão credibilidade para o presidente das pessoas. Era inimaginável até outro dia que chegássemos a esse momento no Brasil. Não tem um candidato que represente a direita. É fantástico”, disse o presidente.

Para Lula, nenhum dos nomes cogitados para a disputa presidencial em 2010 pode ser considerado direitista. Isso porque todos eles têm um passado de ligação com movimentos sociais e de resistência no país. È como se todos os brasileiros pudessem considerar todos os candidatos a partir de uma mesma “máscara”, uma denominação: os “esquerdistas heróis do passado”...

Lula, pode até ter um pouquinho de lógica nessa sua declaração. Mas, esse tipo de afirmativa pouco serve á realidade brasileira. Há muito tempo, a política nacional deixou de ter estas antigas subdivisões ideológicas. Hoje no país o que se vê é uma mera busca por poder. Seja do de qual partido for, todos os candidatos estão dispostos a fazer as mais questionáveis alianças em nome da elegibilidade. Foi assim com FHC; foi assim com Lula e é assim desde a redemocratização: ganha que tem mais aliados dentre os comandantes do poder econômico. Arranca-se a face por um “caixa dois”.

Vivemos numa sociedade dita democrática com uma vocação que parece verdadeiramente igualitária onde as formas de governo poderiam até transitar entre o liberalismo conservador e um comunismo de ruptura e onde existiria um firme debate de ideias voltado para a melhoria das condições sociais de vida. Porém, a cada dia que se estende, depois de Lulas e FHC’s, tudo não parece passar de uma dissimulação. O nosso futuro aparenta estar determinado por um jogo de cartas descobertas, por uma encenação grandiosa. Declarações como essa do presidente servem para endossar ainda mais esse jogo de cenas que é a política nacional. Ciro, Dilma, Marina, Serra, Aécio... Todos eles lutam por poder. E nós, otimistas, continuamos esperando.

Realmente. Hoje não temos mais candidatos de direita. E nem de esquerda! Nossa massa política está completamente amorfa e, atualmente, sequer sabemos das crenças e da verdadeira história daqueles em quem votamos confiadamente. Todos os dias estamos sendo engabelados por um celeiro demagógico que não cansa de soltar suas falácias de esquerdismo. Não podemos mais achar que a política nacional se move pelo embate de posições ideológicas conflitantes e firmes. Porque no prato que come Sarney, comem todos eles; no forno que se assa a pizza, se cozinha a campanha...
Quer mais? Siga-nos no Twitter e acompanhe de perto o Incomode-se!

2 Comentários:

Guilherme Freitas disse...

Henrique, acho que não há candidatos de direita mais. Existem muito poucos no Brasil. Serra foi militante da esquerda, mas hoje é o preferido da direita. Concordo com você e acho que hoje todos tentam cavar seu espaço na política, fazendo alianças com antigos desafetos para se manter no bem bom. São todos farinha do mesmo saco. Abraços.

19 de setembro de 2009 às 22:18
Lelo disse...

Foi-se o tempo do romantismo da esquerda revolucionária. Hoje, se você perguntar a qualquer brasileiro, seja da roça, seja da cidade, principalmente os mais pobres, o que eles esperam da vida... a resposta será a mesma: dinheiro. A mídia, em todas as suas matizes e variáveis, implantou, através dos tempos, a cultura de que, para ser feliz, basta "ter". E tome capitalismo, engole-se individualismo. E daí, apresenta bilhões de informações diuturnamente à toda essa massa globalizada.

Foi-se, o tempo do ideal, pelo qual se daria a vida sem ao menos pestanejar. Foram-se as esquerdas, as idéias revolucionárias, comunistas, socialistas, etc. O que se mantém, ainda, são poucos idealistas, ou ainda, alguns intelectuais, que pregam uma ruptura das "classes excluídas" com o poder e os regimes atuais.

Ou renova-se o pensamento do e sobre o socialismo (afinal as teses são as mesmas de mais de 100 anos atrás, é preciso entender que não vivemos mais em 1917, a conjuntura global, mudou, e faz muito tempo), ou parte-se em busca de um novo modelo de política sócio-econômica, que não esse malfadado e quase perpétuo sistema neoliberal (percebe: até os direitões têm nova nomenclarura, para a mesma prática). De resto, ficará tudo como hoje está, seja ele, ou ela o predileto nas eleições de 2010.
É necessário "evoluir", essa é a palavra de ordem.
Abraço

30 de novembro de 2009 às 11:53

Postar um comentário

Caros leitores,

não serão admitidos comentários:

- Escrito em "miguxês"
- Com conteúdo ofensivo ou pornográfico.
- Com mensagens ou insinuações racistas
- Com assuntos estranhos ao discutido no post
- Com conteúdos publicitários ou de propaganda (SPAM)

E ATENÇÃO: Os comentários publicados são opiniões dos leitores. Não do Incomode-se.