O suposto político-partidarismo da CPI

“Para nós está claro que a instalação da CPI tem um caráter político-partidário de antecipação do processo eleitoral, inclusive ressuscitando velhas tentativas de enfraquecer a Petrobrás e de privatizá-la”, disse a senadora ao portal Último Segundo, do IG.
As afirmações da Senadora deixam, mais uma vez, claras as tentativas quase que homéricas que o governo vem realizando para barrar a CPI. Declarações diversas brotam das mais diferentes situações no governo. Antes de Ideli, o próprio presidente Lula já tinha dado declarações criticando um suposto partidarismo por trás da CPI. No domingo, em Riade, na Arábia Saudita, o presidente afirmou que a vitória do projeto da CPI no Senado (que reuniu 30 assinaturas) era “coisa de quem não tinha o que fazer”. Para o chefe do executivo federal, a CPI não é coisa do Congresso, mas sim do PSDB.
O fato é que os tucanos conseguiram articular e engatilhar no senado federal uma investigação que irá apurar uma série de denuncias que existem (sim, elas existem mesmo) contra a Estatal: dentre as mais conhecidas temos as fraudes em licitações para reforma e construção de plataformas, as denúncias de desvio na distribuição de royalties e os obscuros “financiamentos” distribuídos entre ONG´s e municípios, além de vários outros inquéritos da Polícia Federal acerca de falcatruas envolvendo dirigentes da estatal.
Ora, se pensarmos que esses dirigentes da Petrobras são os mesmos que estão ligados aos quadros políticos do PT; e que são aqueles mesmos que há anos vêm aceitando um quase aparelhamento da empresa, unindo perigosamente política e comando empresarial, poderíamos sim dizer que a CPI tem lá seu fundo de partidarismo. Pode até ser que a questão partidária seja, para a oposição, a principal intenção da investigação. Mas, não se pode esquecer que existem fatos não esclarecidos que precisam estar em pratos limpos. Porque honestidade na gestão dos bens públicos é um direito do povo. Os analistas mais sensatos poderiam até concordar com essa “teoria da conspiração” que o governo usa para se defender. Concordariam, mas, ao mesmo tempo, diriam sem pestanejar: mesmo com supeitas de uso eleitoral da investigação, é preciso que se apurem as denúncias.
Tentar barrar uma investigação tão importante quanto essa em nome da solidez de imagens de campanha, ou de “rumos de mercado” continua sendo um desrespeito para com a nação. Claro que o partidarismo não deve ser a “força motriz” dos movimentos moralizadores dentro das gestões públicas, mas o que o governo também não pode fazer é tentar levantar uma cortina de fumaça para assar mais uma “pizza-CPI” às escondidas.
Resta-nos, então, aguardar e reclamar para que a queda de braço dos “negócios eleitoreiros” (os quais parecem estar sempre, para os nossos políticos, acima dos interesses do povo) não gere mais uma investigação irrisória e sem sentido. Mais uma vez é preciso repetir: se há denúncias, que se apure!
Foto: ·júbilo·haku·
2 Comentários:
Oi, Henrique!
20 de maio de 2009 às 10:07Também concordo com vc: se há denúncias elas devem ser, no mínimo apuradas. Entretanto, muitos dos nossos nobres legisladores usam fatos para desestabilizar o governo de alguma. Não duvido do caráter eleitoreiro da coisa, mas é preciso ser investigado por políticos que realmente sejam isentos para não acabar em pizza.
Parabéns pelo blog! Estou lhe seguindo, companheiro jornalista.
Abraço
Wander,
20 de maio de 2009 às 10:38O fato é que muitas vezes os políticos se utilizam de um jogo retórico para "desvirtuar" aquele que deve ser o verdadeiro foco da questão: o combate às práticas corruptas! Se isso vai afetar a imagem da Petrobras? Vai sim. Mas, não foi a CPI que levou a situação a chegar a isso. Existem práticas obscuras dentro da estatal que precisam ser elucidadas. Esse, sim, é ponto!
Obrigado pelos elogios! Também já estou seguindo seu blog que, por sinal, é muito bom.
Abraço!
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