A alternativa de Protógenes

Na grande mídia, foi notícia o fato de que Protógenes teria criado, aproveitando-se da estrutura da Satiagraha e do auxílio “informal” da ABIN, um esquema para a captação ilegal de informações acerca de políticos e jornalistas. Conforme publicado na revista “Istoé” de 22 de Abril deste ano, “a corregedoria da PF em São Paulo encontrou no computador de Protógenes um relatório apócrifo, em papel timbrado da Diretoria de Inteligência Policial, que traz acusações infundadas e insensatas a torto e a direito”. No famoso relatório o delegado teria investigado na surdina cerca de 25 jornalistas de diversos veículos de comunicação do país. Tudo isso para compor um acervo de informações ilegais que serviriam para um uso, no mínimo, obscuro (para não dizer outra coisa).
A descoberta do fato provocou a “ira” dos meios comunicativos que saíram a campo para enterrar de vez a imagem de Protógenes: começaram a aparecer protestos e reportagens diversas contra uma dita “falta de limites” nas investigações da PF e contra a formação de um suposto “estado policialesco” onde os órgãos de inquérito federais poderiam atuar livremente em detrimento de garantias constitucionais dos cidadãos.
Nesse baile de acusações e defesas, Protógenes foi assumindo uma postura que parece ser bastante lucrativa em termos eleitorais. Em seu blog, por exemplo, podemos ver diversas passagens que sugerem uma verdadeira “martirização” do delegado. Vejam, por exemplo, essas passagens veiculadas na página:
1. Protogenes inocente (sempre):
“Manifesto que minha inocência está estampada nas ações e condutas que levaram a identificar um poder paralelo dentro do Estado brasileiro jamais visto na história policial brasileira, destinado a desviar os recursos públicos e riquezas do nosso país, que resistiu a todo tipo de ameaça e propostas de corrupção”.
2. Protógenes mártir resignado:
“Estou pronto para uma futura condenação, sabedor que cumpri o meu dever de Delegado de Polícia Federal na defesa dos interesses dos brasileiros e do Brasil. Posso ser condenado e perder o meu honroso cargo, mas a minha dignidade e honra são intocáveis, pois estão caracterizadas nos trabalhos que realizei ao longo da minha carreira como operário das letras jurídicas.”
3. Protógenes injustiçado:
“Sinto-me injustiçado pela inversão de papeis que vem ocorrendo no cotidiano. O que leva a crer que haja, de fato, uma intenção de desmoralização da autoridade policial judiciária. Não só a mim, mas também a outros policiais e autoridades da Satiagraha. Considero que o trabalho de juízes federais, procuradores da república e delegados federais é colocado sob suspeição, enquanto o foco principal, o crime perpetrado pelos investigados do colarinho branco, desaparece das atenções”.
Além do certo ou do errado, o fato é que Protógenes está construindo uma imagem eleitoreira a partir da divulgação dos percalços da Satigraha. Ao assumir a figura de “mártir injustiçado” o delegado parece estar apostando numa futura carreira política. Já próximo do PSOL (partido oficial dos “incompreendidos”), o agora notório delegado já está assumindo abertamente sua pretensão a um cargo eletivo. Usando da sua constante veiculação midiática Protógenes constrói uma imagem, resta saber se ele vai engrenar dentro do ambiente que ilegalmente investigou. E se, na hipótese de uma vitória, vai construir um dossiê (lembrando o falecido ACM) com as informações que conseguiu... Nada mais poderá nos surpreender.
2 Comentários:
Oi, Henrique!
20 de maio de 2009 às 10:15Bater de frente com o chamado "Poder paralelo" dá nisso: a inversão de papéis. A PF deve ter autonomia pára investigar, sim. Afinal investigar não é acusar ninguém, é apenas levantar dados. Temos uma polícia (e justiça) que parece querer ficar para trás e deixar o crime cada vez mais organizado.
Parabéns pelo artigo e pelo blog. Se quiser trocar links, ficarei grato. Vou linkar o seu blog no meu.
Abraço
Valeu Wander!
20 de maio de 2009 às 10:52Vou linkar seu blog também. Abraço.
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