Um homem nu
Ainda ontem ouvi falar de um louco
Que numa manhã de inverno
Queimou seus títulos e suas máscaras
E pela primeira vez se viu no espelho
Sem o peso de suas vestes.
Dizem que nesse dia ele saiu pelas ruas da cidade onde vivia
E saudou todos que encontrou pelo caminho.
Entrou em todos os templos
E em todos os botecos.
Chorou pela sua fé e sorriu pela sua paz.
Abraçou o padre, o bêbado e a prostituta,
E não sentiu que o calor de um abraço fosse mais santo que o outro
Beijou a face de todos os seus amigos e jurou que os amava.
Olhou nos olhos de um miserável
E enxergou, acima de tudo, um ser humano.
Visitou hospícios e penitenciárias
Na companhia dos seus dois filhos.
Falou de Deus aos incrédulos
E orou fervorosamente pelos inimigos.
Declamou seus próprios poemas para quem quisesse ouvir,
Emocionou-se com o infinito sem reprimir seu choro,
E ao notar a perfeição de uma rosa ousou cheirá-la.
Provou a felicidade dentro da grandeza
De uma vida sem acréscimos,
Onde a simplicidade é tudo,
E assim viveu até o último dos seus dias.
Todos os “lúcidos” da cidade,
Passaram a vê-lo como um louco inofensivo,
Preso em seu mundo de fantasias,
Mas o homem apenas estava nu,
E sua nudez o aquecia.
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