segunda-feira, 5 de abril de 2010

Um homem nu

espirito_livre

Ainda ontem ouvi falar de um louco

Que numa manhã de inverno

Queimou seus títulos e suas máscaras

E pela primeira vez se viu no espelho

Sem o peso de suas vestes.

Dizem que nesse dia ele saiu pelas ruas da cidade onde vivia

E saudou todos que encontrou pelo caminho.

Entrou em todos os templos

E em todos os botecos.

Chorou pela sua fé e sorriu pela sua paz.

Abraçou o padre, o bêbado e a prostituta,

E não sentiu que o calor de um abraço fosse mais santo que o outro

Beijou a face de todos os seus amigos e jurou que os amava.

Olhou nos olhos de um miserável

E enxergou, acima de tudo, um ser humano.

Visitou hospícios e penitenciárias

Na companhia dos seus dois filhos.

Falou de Deus aos incrédulos

E orou fervorosamente pelos inimigos.

Declamou seus próprios poemas para quem quisesse ouvir,

Emocionou-se com o infinito sem reprimir seu choro,

E ao notar a perfeição de uma rosa ousou cheirá-la.

Provou a felicidade dentro da grandeza

De uma vida sem acréscimos,

Onde a simplicidade é tudo,

E assim viveu até o último dos seus dias.

Todos os “lúcidos” da cidade,

Passaram a vê-lo como um louco inofensivo,

Preso em seu mundo de fantasias,

Mas o homem apenas estava nu,

E sua nudez o aquecia.

Bernadete Barreto

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