Células da esperança
Desde que o mundo é mundo, as doenças crônico-degenerativas, aquelas que tem caráter progressivo e não curável, sempre tiveram um enredo clássico: a descoberta da enfermidade , o tratamento paliativo e o óbito do paciente. Com a evolução da medicina, a fase da descoberta da doença está cada vez mais antecipada. Isso se dá devido aos modernos métodos de diagnóstico por imagem e a supra-qualificação das equipes médicas. A fase do tratamento também evoluiu. Com terapias alternativas ou não, ela prolongou a vida de muitos pacientes e também aplacou o sofrimento de muitos até a chegada da terceira e mais triste fase: a morte pelo motivo da doença.
O desafio das pesquisas na área de saúde sempre foi o de quebrar essa cadeia e inverter a situação em favor da vida. E a virada parece estar chegando! Com a descoberta das células tronco-embrionárias o jogo começou a mudar: essas células, que são retiradas de embriões, têm, em determinado estágio de maturação, a capacidade de se diferenciar e formar outras células, podendo formar novos tecidos (pele, ossos, órgãos, etc.), dando assim uma chance nova aos portadores das doenças degenerativas de poderem chegar ao último estágio da enfermidade com pelo menos uma causa diferente.
Os empecilhos para as pesquisas com células-tronco residem na própria sociedade, e são, principalmente, de cunho ético ou religioso. Os primeiros nos trazem a pergunta: É justo tirar uma vida (do embrião) para salvar outra (do doente)? Dispõe o art. 5° da nova Lei de Biossegurança (2005) que as pesquisas e terapias com células-tronco só podem ser realizadas se obtidas de fertilização in vitro, de embriões que sejam considerados inviáveis e que estejam congelados a mais de 3 anos. Mas quem garante, caro leitor, que assim como outras leis aqui no Brasil, essa também não seja burlada? Os entraves religiosos nos trazem a ideia de que o embrião já é considerado um ser humano, não podendo ser sacrificado para qualquer fim e que a “vontade do Criador” deve prevalecer ao nascer e ao morrer. Dizem que seria como “brincar de ser Deus”. Mas será que em Estados cada vez mais laicos, esses dogmas prevalecerão? Quantas vezes a igreja se retificou ou mudou sua opinião ao longo da história, atendendo a interesses próprios?
A sociedade tem o dever de responder (e rápido) a essas indagações. Ao longo de poucos anos ao lado das fragilidades, medos e inseguranças dos pacientes com doenças crônico-degenerativas, aprendi a olhar a sobrevida dos mesmos com um pouco de frieza (sempre aceitei que em alguns casos nada se pode fazer para evitar o terceiro estágio [a morte]), mas algo me diz que meu olhar se enganou. Não podemos negar que existe hoje uma REVOLUÇÃO em curso. As pesquisas com as células-tronco ganham cada vez mais espaço perante os seus entraves e os pacientes sabem disso. Eles estão ávidos para virar o jogo, eles estão prontos para o enfrentamento, eles agora têm algo que nunca tiveram: ESPERANÇA.
Para saber mais:
http://www.celula-tronco.com/index.php
http://www.youtube.com/watch?v=pTrwVJ7ctFQ
- A coluna “Saúde” vai ao ar todas as sextas-feiras aqui no Incomode-se!
3 Comentários:
De fato Gibran!
5 de fevereiro de 2010 às 14:52A células-tronco têm trazido a esperança para muitos pacientes que se encontravam desenganados! E isso é uma coisa que não tem preço... O benefício é gritante!
O problema é que, muitas vezes, algumas instituições sociais se prendem muito aos seus dogmas e se esquecem de evoluir, traçando o melhor caminho. E esse é o lado lamentável da história...
Com certeza companheiro de guerra Blackão, não somente instituições sociais, demais organismos com distintas finalidades também exercem a mesma posição "pseudo-dogmática", ressaltando mais uma vez a força da religião envolvendo este sistema!
11 de fevereiro de 2010 às 16:58Bom demais aí Z...
D_Rocha
è realmente uma pena que os avanços científicos e técnicos sejam muitas vezes deturpados por mentes supersticiosas.
10 de junho de 2010 às 11:10Postar um comentário
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