sábado, 22 de agosto de 2009

Marina, um horizonte?

Muitos anos e muitas cartas marcadas depois, o jogo político brasileiro parece ter ganhado mais uma participante de peso. A senadora acreana Marina Silva, ex-ministra do meio ambiente e, atualmente, sem partido, começa a acenar para uma possível candidatura à presidência da república em 2010. Nas tribunas do congresso, a Senadora já começa a discursar como pretendente real a uma candidatura: usando um tom combativo e, ao mesmo tempo, agregador Marina começa a costurar uma frente de atuação eleitoral que já agrada a muitos brasileiros. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas, a senadora aparece com 24% das intenções de voto e começa a ameaçar a política bipolar (PT/PSDB) brasileira, mostrando que, como a própria Marina afirmou, “O voto não é de Lula, Dilma ou Serra. È do eleitor.”.

Com certeza a candidatura da senadora vem para enriquecer o cenário eleitoral e político no país. Ex-seringueira, conhecida por sua forte atuação em prol da defesa das questões ambientais e por ser uma senadora que, dentre a podridão, ainda mantêm uma imagem de seriedade, Marina entra aproveitando e potencializando um nicho eleitoral aberto pela senadora Heloísa Helena e pelo próprio PT. Além de cativar as mulheres (por motivos óbvios), Marina ainda tem a imagem que fez (e faz) de Lula um fenômeno de popularidade no país: é de origem pobre e trabalhadora:

“Foi na Zona Rural do Acre, num seringal chamado Bagaço, a 70 quilômetros de Rio Branco, que a senadora nasceu e morou até a adolescência. Filha de nordestinos retirantes, enfrentou as agruras da vida desde muito cedo. Sua rotina diária era árdua. Acordava às quatro horas da manhã, aprontava farofa com café para os irmãos no fogão a lenha. E percorria sete quilômetros até o seringal. O mesmo percurso fazia de volta ao anoitecer. Dos 11 irmãos, dois morreram de Sarampo e um de tétano. Ainda criança, aos 6 anos, teve seu sangue contaminado por mercúrio e foi desenganada pelos médicos por quatro vezes. Adolescente, ainda contraiu hepatite, e foi tratada com medicamento para malária. Aos 13 anos, sentiu uma grande vontade de ser freira. Confessou o desejo ao pai, que foi taxativo: ‘freira não pode ser analfabeta’. [...] Foi movida por essa vontade que, aos 16 anos, Marina ganhou as ruas. Mudou-se para a capital do Estado, alfabetizou-se pelo antigo Mobral e conseguiu seu primeiro emprego como empregada doméstica. Após fazer o supletivo, em 1984, formou-se em história pela Universidade Federal do Acre. Em 2003, com a chegada de Lula ao poder, Marina assumiu o Ministério do Meio Ambiente, onde permaneceu até maio de 2008, quando pediu demissão no rastro de uma série de quedas de braço com Dilma Rouseff [...]” Fonte: Revista Istoé.

Em outras palavras, a possível candidatura da Senadora, vem para movimentar a corrida eleitoral no país. PT e PSDB, que se achavam hegemônicos até então, tomaram um susto com a popularidade da ex-ministra, e já preparam seus arsenais de “contra-ataques fake” para derrubar a provável ameaça. Nos últimos dias, Marina Silva, deixou o PT para seguir com seu plano de filiação ao PV (partido pelo qual, provavelmente, concorrerá à presidência), no mesmo momento, o alto escalão petista se reuniu para definir a melhor estratégia de defesa da candidatura de Dilma.

Já o PSDB, está um pouco mais sossegado. Apostando que Marina irá prejudicar muito mais à candidatura petista, os tucanos parecem ainda não sentir a “ameaça acreana”. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, disse ontem à imprensa que a provável candidatura da senadora à Presidência da República representa “um avanço” no cenário político nacional. Porque, segundo ele, permite que haja um debate mais aprofundado sobre questões ambientais. “Não acho que seja fácil para ela ter resultados eleitorais, mas ela vai permitir que todos os candidatos discutam com mais seriedade o aquecimento global, o desenvolvimento sustentável”, disse o ex-presidente. Ao ser perguntado se essa candidatura ajudaria o PSDB, ele respondeu: “Não sei. Tomara” (Fonte/citações: Estadão).

O fato, porém, é que a virtual candidatura de Marina Silva á presidencia da república vêm mexendo com as esperanças de muitos brasileiros. Será que ela mudará o caos político em que nos encontramos? Será que ela defenderá, de fato, a Amazônia? Será que ela punirá os corruptos? Como diria FHC, “não sei, tomara”....


Foto: http://www.onortao.com.br/
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1 Comentário:

Bruno José disse...

Muito cedo para dizer qual o rumo tal senadora irá tomar, mas, de fato, é uma figura importante no cenário político nacional. Todavia, as estruturas são fortes e ditam estradas, muitas vezes, sem a vontade dos próprios caminhantes. Ou seja, a Senadora Marina pode ter a maior vontade transformadora do mundo, porém, as instituições e estruturas são mais fortes e deveras antigas e irão permanecer aí...Inclusive, o Senado Federal, uma instituição que nem precisaria mais existir, mas permanece...afinal, tem muito dinheiro e poder envolvidos...São mais de 2 bi por ano para manter seu funcionamento, quantas escolas poderiam ser feitas com essa verba? Ou quantos hospitais poderiam ser construídos ou reformados?

Assim, não lanço grandes expectativas com essa candidatura, mesmo porque, é apenas mais uma pessoa, que, inclusive, entra num partido "mais ou menos", pois anda se abrindo demais, fazendo alianças até com grupos de ultra-direita como no caso do PFL hoje DEM no Rio...

Mas, tem-se que acreditar em algo, ainda que, na possibilidade remota de melhoria social do país.

Saudações,

Bruno Durães.
Sociólogo.

24 de agosto de 2009 às 21:52

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