Mais uma vez "The Wall"

Além da grande qualidade musical, o The wall foi, então, um marco no engajamento “político” na música mundial (muitos podem até não pensar assim. Mas, poucos discos surtiram o efeito de protesto que veio no bojo do The wall). Com uma voz suave e, ao mesmo tempo, marcante, o vocalista Roger Waters, ao som da grande performance do guitarrista mitológico David Gilmor, desde aqueles tempos, já empunhava sua música contra a segregação. O Floyd com certeza não era um agregado de “semi-deuses” politizados, longe disso. Eram, sim, seres humanos como todos nós, repletos de egoísmos.
Porém, com o The Wall, inegavelmente, eles foram além: o disco é um protesto incontido do inicio ao fim. Um grito contra os muros que nos cercam todos os dias. Fazendo com que nossas subjetividades e belezas aflorem-se muitas vezes sem pétalas ou perfumes. Sim, o The Wall é uma paranóia. Como nos diz Érico Pezzin, “The Wall é uma obra de protesto contra o mundo, as suas bases, e as pessoas que o formam. Waters procurou demonstrar como cada fator influenciou a vida do personagem, e como pode influenciar a vida de cada um de nós. O Governo e a guerra lhe tiraram o pai, sua mãe aprofundou seu isolamento com sua superproteção, a escola alienou todos à sua volta, e a mulher o traiu por causa do desinteresse que, por sua vez, foi gerado pela revolta contra os fatos acima citados. Tudo o empurrou para o isolamento”.
E do isolamento, paradoxalmente, nasceu uma das maiores odes ao não-conformismo. Letras e guitarras ácidas derrubaram muitos muros até então esquecidos pelos compositores e artistas da época. Mesmo que a intenção primeira de Waters tenha sido se isolar, a grande obra triunfou: “a inspiração de Roger Waters para a criação do álbum apareceu-lhe durante um concerto da digressão de Animals [outro álbum da banda] em 1977. Em Montreal, Quebec, Waters cuspiu na cara de um fã que estava a ter um comportamento perturbador. De imediato, repugnado com o ato que tinha cometido, surgiu-lhe a ideia de construir um muro entre si e o público, ideia essa desenvolvida mais tarde para a produção de ‘The Wall’” (Fonte: Wikipédia).
Inconformado com o que lhe cercava e envolto em longas viagens subjetivas, Waters criou então um dos maiores discos conceituais da história do rock. A tentar criar “o muro” ele derrubou muitos outros. Gritou e se desesperou contra muitos outros. E hoje, terça feira (2), mais uma vez, o The Wall e o Pink Floyd foram lembrados. Roger Waters, ao realizar uma visita ao campo de refugiados de Ainda, na Palestina, novamente utilizou-se da força da sua música para repercutir mais uma forma de (ex)pressão contra a segregação: diante do muro que separa palestinos e israelenses, Waters pediu: “destruam essa coisa horrível logo”!
O eterno vocalista do Pink Floyd, a exemplo do que já tinha feito ao cantar o The Wall às barras do Muro de Berlim, disse também que, no momento do ato de destruição do paredão na Palestina, ele estaria lá mais uma vez, empunhando sua música contra mais esse ato que agride nossa força de humanidade...
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