segunda-feira, 25 de maio de 2009

Sem falácias, a educação...

Com pouco pessoal e séria carência nas áreas administrativas e pedagógicas do seu trabalho, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) recebeu hoje a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Junto com o governador Jaques Wagner, o presidente chegou a ser vaiado por sindicalistas de entidades ligadas a professores e trabalhadores da segurança pública. A reclamação era, justamente, a não realização de seleção para a contratação de professores, escrivães e investigadores para os quadros carentes da região.

Como em muitas Universidades Federais do país, a UFRB também reclama da falta de profissionais para o desempenho suas atividades. Segundo reclamações dos manifestantes presentes na solenidade dessa segunda (25), falta de tudo um pouco na UFRB, inclusive professores. Lula retrucou as críticas reafirmando ações engendradas pelo seu governo. Em discurso, conforme publicado no portal Último segundo, o presidente respondeu: "É bom reclamar, mas é importante a gente ter clareza sobre o que está de fato acontecendo neste País. Pesquisem se tem um governo que tenha feito pelo menos 50% do que a gente já fez pela educação deste País."

O fato, porém, é que o governo não tem investido tudo o que deveria na qualidade da educação. O nosso país está ingressando flagrantemente em uma fase preocupante do seu parco desenvolvimento educacional. Segundo a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, existem 16 milhões de brasileiros analfabetos com mais de 14 anos de idade. Mais de 50% das crianças entre 0 e 6 anos não estão na escola, assim como 20% das pessoas entre 10 e 17 anos. E mais: informações do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) dizem que 53% das crianças com até sete anos que vivem no campo são analfabetas. Nas cidades e centros urbanos o número é de 26%.

Como se não bastasse, a política educacional deturpada aplicada desde o Governo FHC, há anos vem formando, nos quadros das nossas escolas públicas, estudantes e vestibulandos cada vez mais despreparados para os meandros do mercado de trabalho e da vida acadêmica. Hoje, quem não estuda em caros colégios particulares, vê sua formação se transformar em algo completamente desgastado. Frente aos filhos da classe média-alta do país, os estudantes pobres das nossas escolas se percebem, no final das contas, abandonados.

Outra situação de alarme é que os campi das universidades estão se degradando (haja vista nossos famosos campi da UFBA em Salvador): má conservação, sujeira e violência assustam os estudantes de muitas Universidades Públicas pelo Brasil. Além disso, os professores têm péssimas condições de permanência em seus empregos. Com salários defasados, os intelectuais que integram o corpo docente das Universidades Federais deixam, cada vez mais, seus empregos em busca de uma colocação no mercado do ensino particular.

Em suma, a educação no Brasil precisa (e muito) ser mais valorizada. Todos os governos são unânimes em se afirmar bons no quesito educacional. Porém, o que se vê na prática são esquecimentos e números ainda assustadores. Quando os governos pararem de falar e começarem a apoiar medidas reais para a melhoria da educação no país, não será mais preciso que se inventem retóricas para engabelar o povo. E só construir escolas não basta. É preciso qualificação na formação de professores, maior incentivo á produção cultural e melhorias nas próprias grades de ensino das escolas e universidades.

Talvez assim, com ações consistentes, fugiremos do castelo de cartas disfarçado que é a nossa área educacional.


Foto:http://www.flickr.com/photos/agecombahia/3563967477

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