quinta-feira, 21 de maio de 2009

Nazismo à brasileira

O filme “Mississipi em chamas” do diretor Alan Parker e estrelado por Gene Hackman e Willem Dafoe, retrata com extremo realismo a situação dos Estados Unidos na época em que a segregação entre brancos e negros era a regra para muitos dos milhares de municípios do país. A obra cinematográfica nada mais é do que o retrato dos conflitos raciais americanos e do horror da intolerância em seu ápice. Mostra com grande destreza a atuação da famosa organização racista “Ku Klux Klan” que espalhava (espalhava?) segregacionismo e ódio pelas mentes daqueles que ainda, por algum motivo torpe, se consideravam melhores ou, mesmo, superiores aos seus iguais.


A história do filme começa quando três ativistas dos direitos civis, ao dirigir por uma estrada deserta, são brutalmente assassinados por policiais racistas. O motivo? Um dos ativistas era negro... A partir daí uma trama policial vai se desenvolver para desbaratar uma das facções da "Klan" no Mississipi. Inegavelmente o filme retrata uma passagem histórica dos Estados Unidos, um episódio do passado, mas que, ainda nos dias atuais, é uma verdadeira lição para aqueles que conservam atitudes de pregação ao racismo.

Recentemente a revista Istoé trouxe em sua reportagem de capa a triste revelação do funcionamento de uma (poque, não se enganem, são muitas) das células neonazistas no país. A “Neuland”, como é chamada a organização por seus asceclas, segundo a reportagem, se conforma numa rede que envolve cerca de 350 pessoas de classe média-alta e que está espalhada por diversos Estados do país. Essa rede se organiza em diferentes células de atuação, e é dirigida por um paulista chamado Ricardo Barrollo, de 34 anos. Basicamente o grupo tem na Internet sua maior ferramenta de comunicação e articulação. Através de e-mails e sites anônimos eles planejavam suas ações e encontros hitleristas.

Nesse ponto, não poderíamos deixar de afirmar mais uma vez que o uso deturpado das potencialidades da internet é, nesse e em muitos casos, um problema bastante sério. Ao usar a liberdade comunicativa da rede para articular organizações segregacionistas diversas, as pessoas estão pregando contra a própria humanidade. É o "uso burro" da ferramenta.

Porque a internet, antes de qualquer coisa, é uma ferramenta. E ela não tem vida senão no entendimento e na atuação simbólica e comunicativa dos homens. A comunicação entre seres humanos é o grande "ponto central" da Web, mas tem que ser usada com responsabilidade e, principalmente, com respeito. A liberdade que pauta a ações dos internautas tem que ser revistas (não censuradas) e dosadas com maior formação moral e ética.


Quem viaja pela blogosfera está cansado de ver blogs pregando radicalismos infundados e posturas completamente errôneas, extremistas e, inclusive, racistas. Não é difícil chegar às páginas dos que se dizem defensores da “raça branca”. Geralmente, nestes sites (veja a imagem acima), a linguagem é agressiva e bastante ofensiva para com negros, judeus, homossexuais, etc. A intolerância em vários pontos da Web é muito mais do que uma simples ideologia ultrapassada: mostra que a cultura hitlerista está presente no Brasil. Violências e abusos ocorrem todos os dias em nome da dita “supremacia da raça ariana” e nós não podemos mais fechar os olhos.

Para nós, brasileiros de caráter, o que mais assusta é saber que num país miscigenado como nosso ainda crescem células nazistas que vão desde os violentos Skinheads até a famosa organização White Power. O vídeo abaixo, por exemplo, ilustra, numa reportagem de Roberto Cabrini feita em 2008, como a pregação do ódio permanece viva e crescente no país. As imagens chocam pelo nível de intolerância que encontramos nas atitudes de muitos jovens. E revoltam porque nos chacoalha para que saibamos que, a todo instante, estamos lado a lado com o preconceito e fingimos não ver.





Em suma, amigos, esse post é muito mais (e talvez até sirva para mais coisas) para exprimir a revolta de um brasileiro negro que execra a intolerância. È de um negro consciente de que atitudes têm que ser tomadas contra ações de segregação existentes hoje no país. Não é possível para uma sociedade que se quer livre conviver com a brutalidade do preconceito. Intolerável é a intolerância! Afinal, não devemos esquecer que estamos, como nos lembra nossa pomposa Constituição, num “Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos”.

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