sexta-feira, 29 de maio de 2009

Dilma e o "Robin Hood do Bolsa"


Apesar de ser o nome mais cotado para a candidatura petista à presidência em 2010, a Ministra da Casa Civil, Dilma Roussef não conseguiu emplacar uma imagem carismática junto ás classes pobres. Classes essas que, diga-se de passagem, o presidente Lula “domina” à perfeição. Dentre as camadas mais carentes do Brasil, o presidente é uma unanimidade. De acordo com reportagem publicada hoje pela BBC Brasil no Estadão, em Bacabal e Trizedela do Vale (MA), por exemplo, mesmo com a situação de desespero por causa das enchentes que vem assolando a região, as pessoas continuam afirmando seu apoio ao presidente. “Expulsos de suas casas pelas chuvas e muitos deles obrigados a viver em abrigos superlotados e sem higiene, os moradores da região criticam autoridades locais por causa da situação em que vivem. No entanto, quando o assunto é o presidente, as respostas são quase sempre de admiração e reverência", afirmou a reportagem da BBC.

Cerca de 20 pessoas foram entrevistadas pela BBC e todas afirmaram que votariam novamente em Lula em 2010, se fosse o caso. No entanto, perguntados acerca da Ministra Dilma, a mioria demonstrou desconhecer as atividades e a “face política” (entenda-se, eleitoreira) da ministra.

Podemos perceber então, algumas coisas flagrantes: primeiro, que a popularidade do presidente lula parece só crescer, mesmo em rigiões em que a pobreza e o abandono por parte do governo são extremamente visíveis. È impressionante como o povo carente do país parece fechar os olhos para as suas próprias mazelas ao defender o governo petista. È comum em muitas áreas pobres se ouvir frases do tipo: “Lula é melhor presidente, foi quem mais fez por nós...” Mas, porque essa situação acontece? A resposta é complicada, mas um fator preponderante tem feito com que o presidente tenha, a cada dia, mais e mais apoio popular: esse fator chama-se Bolsa família.

Com um projeto assistencialista, o governo criou a imagem de que estava relamente preocupado com o povo faminto do Brasil. Criou-se então uma lógica de entendimento por parte do povo bastante interessante: “Lula é o melhor porque foi o único que nos deu alguma coisa”.

Nesse momento, a falta de formação política fez com que o povo tomasse o assistencialismo como principal foco da atividade governamental. A partir daí, o presidente ganhou uma “aura” de “hobin hood” brasileiro, porque, ao invés de investir em projetos sociais mais demorados (que, aos olhos do povo, não chegam nunca diretamente a eles) ele investiu na efemeridade das “esmolas” distribuídas. Com esse projeto, e ancorado por uma imagem de “nordestino sofredor”, Lula se tornou um fenômeno de popularidade. Tão popular que consegue abafar a arquitetura da campanha da Ministra Dilma.

Mesmo com as atividades do PAC e com o “fator câncer”, a Ministra ainda não consegue se fazer conhecida. Ela, ao contrário de Lula, não tem uma história de “identificação” com as trajetórias do povo e se vê á sombra do “assistencialismo famoso” do presidente. Talvez, só o apoio de Lula, então, não baste para Dilma. Para se equiparar ao velho Luis inácio ela precisará também do seu projeto populista, porque é assim que o PT e Lula vem conseguindo as diversas vitórias atuais.

Não sabemos quantos embates Dilma terá que travar para construir, de fato, uma camapnha vitoriosa em 2010. Porém, a luta política mais forte ela já está travando: sair da potente sombra do “Hobbin hood do bolsa”...

Foto: Joka Madruga

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1 Comentário:

Bruno José disse...

Caro Black,


brilhante interpretação do Brasil, realmente, numa visão corriqueira e rasteira, entende-se que Lula é o "salvador da pátria", mas, numa análise, um pouco mais apurada, como você mesmo demonstrou, chega-se ao grande vilão da história populista de Lula, o Bolsa-família, puro assistencialismo.

Desde que o governo ampliou esse programa, eu sempre dizia para os amigos: " o miserável vai continuar miserável, apenas será um miserável com a barriga menos vazia, só isso."

Quer dizer, como podemos pensar que isso é desenvolvimento social?

Poxa, quer mudar um país, a receita é tão antiga quanto a política brasileira, educação, cultura, saúde...reforma agrária...

Saudações de um cidadão brasileiro eternamente indignado com as mentiras tomadas como verdade nesse país...

Será que vivemos uma democracia? será que todos e todas tem realmente direitos sociais básicos? será?

p.s: indagações simples/básicas para reflexão.

até mais, Bruno Durães-Zecão.
Sociólogo.

1 de junho de 2009 às 06:21

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